São Paulo, sexta-feira, 07 de julho de 2006

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Eleição tumultuada

SEGUE CONFUSA a situação política no México, após as eleições gerais do último domingo. A recontagem dos boletins de urna deu a vitória ao candidato situacionista, Felipe Calderón, com uma vantagem de pouco mais de 100 mil votos num total de 42 milhões -diferença de menos de um ponto percentual- sobre o esquerdista Andrés Manuel López Obrador, que fala em fraude e promete contestar o resultado na Justiça.
É um cenário que lembra bastante a tumultuada eleição de George W. Bush nos EUA em 2000. Como se deu ao norte do rio Grande, a Justiça mexicana poderá levar semanas para pronunciar-se em definitivo.
Se o passado serve de parâmetro, López Obrador tem razões para temer por fraudes. Elas foram uma constante ao longo dos 70 anos em que o México viveu sob o domínio do PRI (Partido Revolucionário Institucional). O próprio López Obrador alega ter sido vítima de manipulação em um escrutínio de 1997, quando perdeu a corrida para governar o Estado de Tabasco para um candidato do PRI.
Desta feita, entretanto, não parece ter havido adulteração maciça de votos. Havia centenas de observadores internacionais no pleito e eles não acusaram movimentos suspeitos. Houve, sim, erros básicos de falta de transparência do Instituto Federal Eleitoral (IFE), que deixou de informar, por exemplo, que os resultados preliminares excluíam quase 3 milhões de sufrágios.
Por conta dessas falhas, o processo perdeu em credibilidade, o que torna mais fácil para o candidato derrotado, se quiser radicalizar, convocar a população às ruas para contestar o pleito. Espera-se, entretanto, que o bom senso prevaleça e que López Obrador se restrinja a apresentar queixas à Justiça Eleitoral, que é o espaço adequado para a resolução desse tipo de conflito.


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