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Eleição tumultuada
SEGUE CONFUSA a situação
política no México, após as
eleições gerais do último
domingo. A recontagem dos boletins de urna deu a vitória ao
candidato situacionista, Felipe
Calderón, com uma vantagem de
pouco mais de 100 mil votos
num total de 42 milhões -diferença de menos de um ponto
percentual- sobre o esquerdista
Andrés Manuel López Obrador,
que fala em fraude e promete
contestar o resultado na Justiça.
É um cenário que lembra bastante a tumultuada eleição de
George W. Bush nos EUA em
2000. Como se deu ao norte do
rio Grande, a Justiça mexicana
poderá levar semanas para pronunciar-se em definitivo.
Se o passado serve de parâmetro, López Obrador tem razões
para temer por fraudes. Elas foram uma constante ao longo dos
70 anos em que o México viveu
sob o domínio do PRI (Partido
Revolucionário Institucional). O
próprio López Obrador alega ter
sido vítima de manipulação em
um escrutínio de 1997, quando
perdeu a corrida para governar o
Estado de Tabasco para um candidato do PRI.
Desta feita, entretanto, não parece ter havido adulteração maciça de votos. Havia centenas de
observadores internacionais no
pleito e eles não acusaram movimentos suspeitos. Houve, sim,
erros básicos de falta de transparência do Instituto Federal Eleitoral (IFE), que deixou de informar, por exemplo, que os resultados preliminares excluíam
quase 3 milhões de sufrágios.
Por conta dessas falhas, o processo perdeu em credibilidade, o
que torna mais fácil para o candidato derrotado, se quiser radicalizar, convocar a população às
ruas para contestar o pleito. Espera-se, entretanto, que o bom
senso prevaleça e que López
Obrador se restrinja a apresentar queixas à Justiça Eleitoral,
que é o espaço adequado para a
resolução desse tipo de conflito.
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