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FERNANDO RODRIGUES
As conseqüências
BRASÍLIA - Importa pouco se Henrique Meirelles e outros banqueiros oficiais do governo Lula são ou não são
inocentes. O estrago a ser feito já é
um fato consumado.
O presidente do BC carregará para
sempre um aposto nas costas: "Henrique Meirelles, que já foi acusado de
sonegar imposto e de usar doleiro,
blá, blá, blá". O carimbo marcou o
guardião da moeda lulista.
O relevante agora é saber quais serão as conseqüências políticas e econômicas. Políticas, possivelmente nenhuma visível a olho nu.
O episódio Meirelles é mais um capítulo na perda de verniz moral e ético do PT. Mesmo que nada seja comprovado contra o presidente do BC,
fica desidratada a imagem de vestal
que os petistas construíram para si
próprios. O caso Waldomiro Diniz foi
o momento mais vistoso dessa trajetória. Agora, como diria Duda Mendonça, foi uma ação de reforço.
Do ponto de vista eleitoral, alguns
adversários já falam que o PT "é
igual aos outros". Esses oponentes de
Lula continuarão a fazer a mesma
coisa. Não dá para imaginar alguém
em Piracicaba vencendo a eleição só
porque passará a citar as dúvidas a
respeito de Meirelles. Esse é um assunto nacional. As eleições deste ano
são locais, nas cidades.
Se do ponto de vista político-eleitoral o efeito é limitado, na área econômica pode haver ainda alguma turbulência momentânea nos mercados
-Meirelles ficando ou saindo. Essa
gente é dinheirista e ganha apostando na incerteza.
O fato é que, na prática, a permanência ou não de Meirelles não alterará um milímetro a política de liberalismo econômico com juros estratosféricos. Quem mantém o aperto
não é Meirelles nem Palocci. É Lula.
Mesmo que um novo presidente do
BC viesse a ser nomeado, a principal
conseqüência seria a agitação usual
no Congresso. Nada mais.
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