São Paulo, sábado, 07 de agosto de 2004

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FERNANDO RODRIGUES

As conseqüências

BRASÍLIA - Importa pouco se Henrique Meirelles e outros banqueiros oficiais do governo Lula são ou não são inocentes. O estrago a ser feito já é um fato consumado.
O presidente do BC carregará para sempre um aposto nas costas: "Henrique Meirelles, que já foi acusado de sonegar imposto e de usar doleiro, blá, blá, blá". O carimbo marcou o guardião da moeda lulista.
O relevante agora é saber quais serão as conseqüências políticas e econômicas. Políticas, possivelmente nenhuma visível a olho nu.
O episódio Meirelles é mais um capítulo na perda de verniz moral e ético do PT. Mesmo que nada seja comprovado contra o presidente do BC, fica desidratada a imagem de vestal que os petistas construíram para si próprios. O caso Waldomiro Diniz foi o momento mais vistoso dessa trajetória. Agora, como diria Duda Mendonça, foi uma ação de reforço.
Do ponto de vista eleitoral, alguns adversários já falam que o PT "é igual aos outros". Esses oponentes de Lula continuarão a fazer a mesma coisa. Não dá para imaginar alguém em Piracicaba vencendo a eleição só porque passará a citar as dúvidas a respeito de Meirelles. Esse é um assunto nacional. As eleições deste ano são locais, nas cidades.
Se do ponto de vista político-eleitoral o efeito é limitado, na área econômica pode haver ainda alguma turbulência momentânea nos mercados -Meirelles ficando ou saindo. Essa gente é dinheirista e ganha apostando na incerteza.
O fato é que, na prática, a permanência ou não de Meirelles não alterará um milímetro a política de liberalismo econômico com juros estratosféricos. Quem mantém o aperto não é Meirelles nem Palocci. É Lula.
Mesmo que um novo presidente do BC viesse a ser nomeado, a principal conseqüência seria a agitação usual no Congresso. Nada mais.


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