São Paulo, domingo, 07 de setembro de 2008

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Editoriais

Mudança nos aeroportos

O PRESIDENTE da República autorizou, disse o ministro da Defesa, Nelson Jobim, a concessão de dois importantes aeroportos -o Galeão, no Rio, e Viracopos, em Campinas- à iniciativa privada. A preocupação imediata do Planalto foi responder à pressão do governador aliado Sérgio Cabral. Em campanha para que o Rio de Janeiro sedie os Jogos Olímpicos de 2014, Cabral precisa demonstrar que a cidade terá a infra-estrutura necessária para receber o evento.
A notícia, de todo modo, não pode deixar de ser saudada, apesar do atraso injustificável -as limitações da anacrônica infra-estrutura aeroportuária brasileira ficaram escancaradas na crise aérea que começou no final de 2006. A confirmação de que um novo aeroporto para a Grande São Paulo será construído, mediante concessão à iniciativa privada, também merece elogios.
Mas o demônio mora nos detalhes. O presidente Lula já está dizendo que as mudanças na gestão de aeroportos não se darão à custa dos empregos. Ora, uma reforma para dotar de eficiência a infra-estrutura aeroportuária no país terá de atacar o empreguismo que campeia no segmento sob gestão estatal.
Daí a necessidade de que o governo federal apresente um projeto abrangente de mudanças. Não basta anunciar a intenção de privatizar alguns aeroportos; é preciso solução que viabilize investimentos e ganhos de produtividade nos 67 aeródromos federais, inclusive os que, isoladamente, hoje não são lucrativos.
Um modo de resolver o problema seria privatizar em blocos: quem ganhasse uma "jóia da coroa", como Cumbica, teria de administrar algumas unidades de baixo potencial econômico.
Outro tema sensível ao aparelhamento petista é o futuro da Infraero. Num sistema gerido pela iniciativa privada, não haverá espaço para a estatal. Ela deveria ser extinta -ou reduzida drasticamente e transformada num birô de regulação.


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