São Paulo, terça-feira, 07 de setembro de 2010

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Editoriais

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Diálogo difícil

É bem-vinda a volta do diálogo direto entre os governos de Israel e da Autoridade Nacional Palestina, concretizada após um longo processo de mediação dos EUA. Parece demasiado otimista, no entanto, acreditar em avanço significativo rumo a uma solução de dois Estados -o israelense e o palestino- em convivência pacífica dentro de um ano, como prevê o cronograma de Washington.
O inevitável pessimismo teve sua mais dura expressão na declaração de Avigdor Liberman, chanceler israelense, para quem "assinar um acordo de paz global é um objetivo inalcançável neste ano e nesta geração".
Os entraves a um acordo são inúmeros. O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, cujo cargo depende da frágil coalizão de agremiações ultranacionalistas com o Partido Trabalhista e sua própria legenda, o conservador Likud, não cogita ceder em uma das principais reivindicações palestinas -o retorno de Israel às fronteiras de 1967, o que significaria legar parte de Jerusalém aos palestinos.
Já o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, não tem como garantir a Israel a solução para a principal preocupação do país -a segurança de seus cidadãos. Abbas não tem controle sobre o Hamas e outros grupos extremistas que negam o direito de Israel existir e atacam o Estado judaico.
Na véspera do encontro em Washington, o Hamas matou quatro colonos israelenses na Cisjordânia. Após a reunião, anunciou a intenção de iniciar campanha de violência para impedir qualquer acordo entre Israel e a ANP.
Por sua vez, colonos israelenses já avisaram que darão reinício a construções nos assentamentos judaicos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, a despeito da moratória decretada por Netanyahu.
O único consenso que move representantes das duas partes na mesa de negociação é a necessidade de criação de um Estado palestino capaz de encerrar o ciclo de violência que assola a região há décadas. É recente a conversão do próprio Netanyahu a essa ideia. Houve algum avanço, embora incipiente e aquém do que seria necessário para tornar bem-sucedida a iniciativa americana.


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