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CARLOS HEITOR CONY
Eis a questão
RIO DE JANEIRO - No primeiro
turno, alianças foram feitas em busca de mais espaço na TV. Parece absurdo, mas foi uma realidade. Agora, no segundo turno, esperava-se
que as alianças fossem motivadas
por idéias e programas comuns.
Não é o que está acontecendo.
A busca por votos é desenfreada,
valendo tudo, as parcerias mais estranhas e até espúrias. Nesse particular, o PMDB está como sempre
quis: sua máquina partidária, embora desunida, será a chave que decidirá o segundo turno. Com velhas
raposas na sua cúpula, o partido
não se interessa pelo governo em si,
mas pelo poder. O próximo presidente da República, seja ele quem
for, terá de assumir, pública ou
clandestinamente, compromissos
com o partido que detêm o maior
número de prefeitos, deputados federais e estaduais.
Temos também o caso de Garotinho, rejeitado pelo PMDB na sua
pretensão de candidato presidencial, mas dono de alguns milhões de
votos desvinculados de qualquer
programa partidário, uma vez que
centrados em sua polêmica personalidade política.
Um fato novo nas eleições do dia
29 será a radicalização em torno da
ética. O confronto esquerda-direita
entre conservadores e liberais é coisa do passado.
Os escândalos que marcaram a
segunda metade do governo de Lula
criaram a tônica da campanha que
prevalecerá nos debates: quem roubou mais do que quem -"that's the
question", eis a questão. Em algum
momento da campanha, Lula fará
referência aos vestidos que a mulher de Alckmin ganhou de presente e Alckmin fatalmente lembrará o
churrasqueiro de Lula.
Este é o Brasil que o PT nos deixou. O debate político substituído
por investigações policiais. Não
vencerá o melhor, mas o menos
pior.
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