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Erros em profusão
É CEDO para precisar as causas do acidente com o Learjet 35 que matou oito pessoas em São Paulo. Mas, antecipando-se às perguntas incômodas que fatalmente viriam, o ministro da Defesa, Nelson Jobim,
apressou-se em criticar a eficácia
da fiscalização de aeronaves, a
cargo da Anac (Agência Nacional
de Aviação Civil).
Embora esteja no cargo desde
julho, foi só na semana passada,
com a renúncia de Milton Zuanazzi do comando da agência,
que o ministro conseguiu estender sua influência sobre a Anac.
Está prestes a acabar, portanto, o
acervo de desculpas passíveis de
serem imputadas à "herança
maldita".
Jobim -que diz que o tumulto
aéreo dura pelo menos até o Carnaval- pode não se sentir responsável pelo que ocorreu até
aqui na Anac. Mas ainda deve ao
país um plano de ações coerente
para debelar as causas estruturais da crise.
Já que se apressou em criticar
a fiscalização, deveria dizer também de que modo pretende aplicar a promessa de que "agora" as
empresas serão cobradas pela
manutenção de seus aparelhos.
A Anac conta hoje com 390
profissionais para fiscalizar a regularidade da manutenção dos
11.320 aviões e helicópteros em
operação no país. Acidentes em
aeronaves de pequeno porte -já
ocorreram pelo menos 75 neste
ano- fortalecem um outro tipo
de questionamento sobre a atuação da agência. Ela teria priorizado as inspeções das 457 aeronaves da aviação comercial de grande porte, relegando a segundo
plano os 1.400 táxis-aéreos e
1.048 helicópteros.
Embora grave e preocupante, a
descoberta de buracos negros na
fiscalização não surpreende. A
crise aérea nada mais é do que a
expressão física de restrições de
infra-estrutura diante de um importante aumento da demanda.
Assim, afeta desde radares e pistas até controladores e fiscais.
O exasperante é que, mesmo
após dois grandes desastres, que
causaram a morte de 353 pessoas, e vários acidentes menores,
o governo siga sem tomar medidas básicas necessárias para corrigir seus erros.
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