São Paulo, quarta-feira, 07 de novembro de 2007

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MELCHIADES FILHO

Horário de Brasília

BRASÍLIA - O procurador-geral deve ter razão quando frisa que o "tempo das investigações" não é o mesmo do da imprensa, para justificar a demora das denúncias que dizem respeito ao ministro Walfrido dos Mares Guia (valerioduto mineiro) e ao ex-e-talvez-futuro-ministro Silas Rondeau (Navalha).
Seria interessante se ele pudesse comentar também a coincidência entre o "tempo das investigações" e o da tramitação da CPMF.

 

O Planalto não queria nada com a emenda 29, que normatiza repasses ao setor da saúde. Mas ficou tão satisfeito com o projeto que passou na Câmara, "equilibrado do ponto de vista fiscal" (leia-se, barato), que agora pede pressa ao Senado.
 

Ainda não está claro por que o governo fechou tão rapidamente um pacote para oferecer ao PSDB. A votação da CPMF, afinal, não deverá ocorrer em menos de um mês.
Uns acreditam que o Planalto, ao estender o prazo para que a oposição encaminhe mais pleitos, não fez senão revelar seu desespero.
Outros dizem que o objetivo foi, uma vez costurado o acordo, dar tempo para que os tucanos inventem um discurso desaforado para embromar a arquibancada.
 

No momento em que a CPMF entrou na reta final, e a grande indústria lança as últimas cartas para tentar implodir o imposto, o governo sacou do nada a idéia de desonerar a arrecadação do Sistema S, tão caro aos sindicatos patronais.
 

Já se passaram dois meses desde que a denúncia do mensalão virou ação criminal. Mas o STF, que não hesita em puxar a orelha alheia, não moveu uma palha desde então.
Nem a publicação do acórdão saiu.
 

À medida que as investigações da crise aérea escarafuncham as contas-que-não-fecham da Infraero, ganha fôlego e apoio dentro do Planalto a idéia de privatizar a estatal.

mfilho@folhasp.com.br

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