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ELIANE CANTANHÊDE
Por quê? Porque Lula quer
BRASÍLIA - A candidata Dilma ainda está quente, e a presidente eleita
Dilma já sinaliza a possibilidade de
ressuscitar a CPMF -algo sobre o
qual não abrira a boca durante toda
a longuíssima campanha.
Isso causa, evidentemente, o
maior rebuliço na opinião pública,
nos partidos aliados, nos governistas, nos mercados. Há um desequilíbrio entre ônus e bônus.
O bônus econômico é questionável. Primeiro, porque a receita da
Saúde se manteve praticamente estável antes, durante e depois da
CPMF. Segundo, porque a arrecadação vai muito bem, obrigada. A
receita cresceu duas vezes mais que
a CPMF nos dois mandatos de Lula.
Dilma precisa de mais imposto?
O mercado acha que não. Apesar
de ter jogado todas as fichas e simpatias na candidatura de Dilma, de
"esquerda", já está reagindo. Nem
se sabe ainda se a CPMF voltará,
mas os juros disparam na Bolsa de
Mercadorias e Futuros.
E o ônus político pode ser pesado. Trazer a CPMF de volta à pauta é
mexer com o bolso e com a emoção
de quem paga a conta e dar de presente uma boia para a oposição se
agarrar, particularmente o DEM. É
também excitar o ambiente entre os
dez partidos aliados, a dois meses
da troca de governo, com todos eles
se estapeando por cargos.
Principalmente, cria mais um
teste de fogo para Dilma, que já tem
mil problemas para se preocupar e
cujo forte não é exatamente o jogo
de cintura e a negociação política.
Se é uma temeridade política
sem contrapartida econômica, resta uma conclusão: a CPMF é mais
um voluntarismo de Lula. Com tantas vitórias, ele não suporta a ideia
de conviver com essa doída derrota
no Congresso e quer rebobinar o filme. Depois de "caçar" adversários
e conclamar o "extermínio" da oposição, agora quer vingança.
Simultaneamente, Lula faz pronunciamento na TV propondo que
oposição e governo respeitem-se
mutuamente e divirjam de "forma
madura e civilizada". Parece piada.
elianec@uol.com.br
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