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AGRONEGÓCIO E CÂMBIO
O agronegócio brasileiro nos
últimos anos elevou de maneira significativa sua produtividade,
ampliou a área de plantio e fortaleceu
ainda mais seu papel nas exportações. Como se sabe, no biênio 2003-2004, o resultado das vendas externas do setor foram impulsionados
pelo aquecimento da demanda global, que propiciou aumentos importantes nas cotações de diversos produtos agrícolas. Agora, porém, o
movimento dos preços internacionais vai em direção oposta.
Embora as expectativas sejam de
uma nova safra recorde, há problemas no horizonte. Segundo cálculos
veiculados pelo jornal "Valor Econômico" (6/12/04), os contratos futuros
de soja negociados na Bolsa de Chicago acumularam queda de 30,92%
de janeiro a novembro. A tendência é
semelhante no que se refere ao milho
(baixa de 15,7%) e ao algodão -cujas cotações já caíram 39,86% na Bolsa de Nova York.
Se os preços dos produtos agrícolas declinam, os custos de produção
-fertilizantes, insumos e máquinas- sobem, o que faz prever um
ano de 2005 com menos rentabilidade para o setor. Caso se adicione a esse cenário a recente valorização do real, as perspectivas para as exportações começam de fato a se tornar um
pouco mais preocupantes.
Em entrevista à Folha, no domingo, o ministro do Desenvolvimento,
Luiz Fernando Furlan, mencionou a
perda de rentabilidade em alguns
segmentos e manifestou sua inquietação com os efeitos que a cotação do
dólar pode ter sobre a competitividade de produtos brasileiros nos mercados internacionais.
É sempre recomendável manter
cautela diante de reivindicações de
exportadores a respeito da taxa de
câmbio. Ao que tudo indica, porém,
os cenários externo e interno estão
favorecendo a queda do dólar e a valorização do real para níveis que poderão acabar se revelando problemáticos para a economia brasileira.
Não por acaso, o Banco Central,
que formalmente insiste em não ter
em vista um patamar para o câmbio,
interveio ontem no mercado impedindo que a moeda norte-americana
fosse cotada abaixo de R$ 2,70.
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