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Boa ou má notícia?
A PRODUÇÃO da indústria
brasileira cresceu, de setembro para outubro, a
um ritmo superior à mais otimista projeção: 2,8%. O impacto deste resultado na trajetória futura
da taxa de juros foi imediato, o
que despertou o receio de que
uma notícia por si só positiva
possa contribuir para notícias
negativas à frente.
O Banco Central (BC) mantém
a taxa Selic estacionada em
11,25% ao ano desde setembro. A
divulgação do forte resultado da
produção industrial em outubro
reforçou a convicção dos analistas que prevêem a manutenção
desse nível de taxa de juros por
muitos meses: até o fim de 2008,
ou mesmo 2009.
Justificaria essa manutenção a
preocupação do BC de não fornecer combustível adicional a
alimentar uma demanda que
cresce com velocidade. O temor
é que a oferta não seja capaz de
acompanhar esse ritmo, o que
elevaria a inflação. Mas são os
próprios resultados da indústria
em outubro que sugerem uma
interpretação mais otimista.
Mais uma vez foi a produção de
bens de capital que liderou o
crescimento: em comparação
com outubro de 2006, a produção desse segmento foi 27%
maior, contra 9% dos bens intermediários e de consumo.
É um indício forte de que o dinamismo do investimento na
produção industrial é ainda
maior do que o da demanda por
bens industriais -sem falar que
a entrada de produtos importados continua em ampliação.
O estreitamento da margem de
capacidade ociosa da indústria,
que foi relativamente rápido nos
primeiros meses do ano, quase se
estancou. As próximas apurações do nível de utilização da capacidade produtiva têm boa probabilidade de constatar um movimento de redução, ainda que
tênue. Que o BC leve isso em
conta em suas próximas deliberações sobre os juros.
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