São Paulo, sexta-feira, 07 de dezembro de 2007

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Boa ou má notícia?

A PRODUÇÃO da indústria brasileira cresceu, de setembro para outubro, a um ritmo superior à mais otimista projeção: 2,8%. O impacto deste resultado na trajetória futura da taxa de juros foi imediato, o que despertou o receio de que uma notícia por si só positiva possa contribuir para notícias negativas à frente.
O Banco Central (BC) mantém a taxa Selic estacionada em 11,25% ao ano desde setembro. A divulgação do forte resultado da produção industrial em outubro reforçou a convicção dos analistas que prevêem a manutenção desse nível de taxa de juros por muitos meses: até o fim de 2008, ou mesmo 2009.
Justificaria essa manutenção a preocupação do BC de não fornecer combustível adicional a alimentar uma demanda que cresce com velocidade. O temor é que a oferta não seja capaz de acompanhar esse ritmo, o que elevaria a inflação. Mas são os próprios resultados da indústria em outubro que sugerem uma interpretação mais otimista.
Mais uma vez foi a produção de bens de capital que liderou o crescimento: em comparação com outubro de 2006, a produção desse segmento foi 27% maior, contra 9% dos bens intermediários e de consumo.
É um indício forte de que o dinamismo do investimento na produção industrial é ainda maior do que o da demanda por bens industriais -sem falar que a entrada de produtos importados continua em ampliação.
O estreitamento da margem de capacidade ociosa da indústria, que foi relativamente rápido nos primeiros meses do ano, quase se estancou. As próximas apurações do nível de utilização da capacidade produtiva têm boa probabilidade de constatar um movimento de redução, ainda que tênue. Que o BC leve isso em conta em suas próximas deliberações sobre os juros.


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