São Paulo, quinta-feira, 08 de janeiro de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Planejamento familiar
"Li com preocupação a proposta da ministra Emília Fernandes de incluir o planejamento familiar na lista de exigências para a participação no programa Bolsa-Família. A Constituição diz que "o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas". Impor a adoção do planejamento familiar como condição para participar do Bolsa-Família é coerção. Ademais, a lógica do "controle de natalidade para reduzir a pobreza" comprovou-se equivocada, pois essas políticas nunca tocaram os verdadeiros mecanismos que perpetuam a pobreza -a má distribuição da renda e a ausência de políticas de equidade e de inclusão- e significaram uma tremenda violação dos corpos e dos direitos humanos de mulheres, de negros e de índios. Por razões conceituais e históricas, não dá para comparar a exigência de vacinação de crianças e de alfabetização de adultos com a exigência do controle da fecundidade. Instamos a Secretaria de Políticas para Mulheres a juntar-se ao Ministério da Saúde e às ONGs feministas no trabalho pela implementação da Lei do Planejamento Familiar na perspectiva dos direitos reprodutivos e no âmbito das ações de saúde e do SUS."
Claudia Bonan, médica, coordenadora da Rede Feminista de Saúde (Rio de Janeiro, RJ)

 

"Oportuno e corajoso o editorial "Planejamento familiar" (7/1), sobre a inclusão do planejamento familiar entre as contrapartidas exigidas das famílias beneficiadas pelo programa Bolsa-Família. Tal posição governamental confunde o dever do Estado de prover todas as pessoas de informações adequadas sobre a regulação da fecundidade e de possibilitar-lhes o acesso aos meios contraceptivos com o direito soberano de cidadania de ter ou não ter filhos."
Elza Berquó (São Paulo, SP)

Democracia
"Em um trecho da reportagem "Fidel e Chávez ameaçam região, dizem EUA" (Mundo, 6/1), lê-se: "George W. Bush deve anunciar nos próximos meses um relatório detalhando como os EUA pretendem "acelerar a transição de Cuba para um regime democrático". E eu que pensava que a Guerra Fria já havia acabado! Que direito os EUA têm de decidir se Cuba é ou não é um regime democrático? Bush poderia responder: "A população cubana certamente não gosta do modo como vive, sem poder desfrutar dos benefícios do capitalismo e da democracia". Mas, certamente, as populações de muitos países africanos estão bem mais incomodadas com a maneira como vivem, com a miséria em que vivem -miséria que, na maioria das vezes, também é acompanhada de regimes não-democráticos. E o que os EUA estão fazendo a respeito disso?"
Deborah Terumi Ansarah Russo Terayama (São Paulo, SP)

Cotas
"No editorial "Cotas" (Opinião, 5/1), a Folha afirma ser contrária a cotas raciais. Sugere que o "combate ao racismo" seja feito "com igualdade". É um belo discurso, mas como transformá-lo em prática? Sugestão: a Folha poderia pedir ao Datafolha uma pesquisa para verificar o número de trabalhadores(as) negros(as) que emprega, identificando quais cargos e funções desempenham. Como fazem alguns jornais norte-americanos, preocupados em contemplar a diversidade, em promover a igualdade e em combater o racismo, a Folha poderia selecionar negros(as), indígenas e mulheres para redigirem editoriais que tratam de temas que eles conhecem bem, como a desigualdade. Quem vivencia a desigualdade tem mais propriedade para escrever sobre ela."
Rosangela Malachias, mulher, negra, doutora em ciências da comunicação pela ECA-USP e pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre o Negro Brasileiro da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

Concessões
"Não sou dono de 20 rádios no Ceará, como está na reportagem "Assessor de Eunício é ligado a rádios" (Brasil, 7/1). Possuo 10% das cotas acionárias da rádio FM de Crateús, adquiridas em 24/ 11/2000. A sócia-majoritária é a senhora Marta Cambraia, mulher do deputado Antonio Cambraia (PSDB-CE). Sou um dos nove membros da Fundação Nossa Senhora Milagrosa, concessionária de emissoras de rádio não instaladas nas cidades de Maracanaú e de Sobral. Ocupo há apenas oito meses o posto de assessor de imprensa do deputado Eunício Oliveira, do PMDB do Ceará."
Donizete Arruda, assessor do deputado federal Eunício Oliveira (Brasília, DF)

Resposta da jornalista Laura Mattos - A versão do missivista constou da reportagem. O texto informou que o assessor do deputado é ligado a três emissoras. O supervisor da rádio na qual o missivista tem participação afirma que ele possui mais duas rádios e obteve outras 20 concessões.

Agiota oficial
"Após o pagamento de 24 parcelas -sem nem um dia sequer de atraso- de um financiamento de carro no ABN-Amro Bank-Aymoré Financiamentos, atrasei um dia útil no pagamento da 25º parcela. Para meu espanto, foi cobrado um acréscimo de 4,99%. Isso mesmo, foram cobrados quase 5% por um único dia útil de atraso. Entre indignado e assustado com tamanho disparate, contatei o banco, que alegou tratar-se de juros de mora e informou que isso consta do contrato e, portanto, é legal. Não questiono a legalidade da fato, mas penso ser isso uma imoralidade. Estou me sentindo vítima de um verdadeiro agiota oficial. Em um país onde a taxa de juros é de 16,5% ao ano -uma das mais altas do mundo-, como explicar 4,99% em um dia?"
André Corradi (Belo Horizonte, MG)

Otimismo
"Acabei de passar os olhos sobre a retrospectiva de 2003 feita por um jornal da minha cidade, Londrina, e percebi que notícias negativas e trágicas predominaram em relação a fatos positivos. Na sequência, li o artigo "Pode me chamar de Poliana", de Washington Olivetto (pág. A3, 31/12), que valoriza as coisas boas e apenas cita o que de ruim aconteceu durante 2003. Como jornalista, penso que, às vezes, a gente gosta de sofrer demais. Um punhado de otimismo ajuda a começar melhor o ano de 2004."
Ricardo da Guia Rosa (Londrina, PR)

Boas-festas
A Folha agradece e retribui os votos de boas-festas recebidos de: dom Eusébio Oscar Scheid, cardeal-arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, RJ); Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente (São Paulo, SP); Mário Barcelos, diretor-presidente, e Carlos Alberto Ruoppoli, diretor comercial da IPP -Intergráfica Print & Pack Máquinas Impressoras Ltda. (São Paulo, SP); garcía.media (Buenos Aires, Argentina); Jenny Magalhães, jornalista, AutoBAn (Jundiaí, SP); Arnaldo Spindel, Luis Henrique Moraes, Maria Eugênia Saturni e Ricardo Ribenboim, base7 (São Paulo, SP); Claudio Simas, Sempre (São Paulo, SP); Fernando Xavier Ferreira, presidente do Grupo Telefônica no Brasil (São Paulo, SP); Antonio Jacinto Matias, Banco Itaú S.A. (São Paulo, SP); In Press Porter Novelli (São Paulo, SP); José Carlos Albuquerque, vereador pelo PDT-SP (Marília, SP).


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