|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EFICIÊNCIA NA SAÚDE
A Câmara Municipal de São
Paulo aprovou na semana passada, em segunda votação, o projeto
de lei das organizações sociais (OSs),
que permitirá à prefeitura terceirizar
serviços públicos na área da saúde.
Nessa iniciativa, o prefeito José Serra (PSDB) aposta a maioria de suas
fichas para tentar melhorar perceptivelmente o sistema público de saúde,
que foi um dos principais temas da
campanha em que derrotou a ex-prefeita Marta Suplicy (PT). Com um
ano de mandato, são poucas as realizações que Serra tem para mostrar,
até o momento, nesse setor.
Por 39 votos contra 13, os vereadores chancelaram a proposta que autoriza o município a entregar a administração de prontos-socorros e hospitais públicos a pessoas jurídicas de
direito privado sem fins lucrativos, as
OSs. Elas poderão contratar serviços
e pessoal, aumentar rendimento de
funcionários e usar bens municipais
sem a necessidade de licitações ou
concursos. Para tanto, receberão repasses de verbas da prefeitura.
O controle pelo poder público é feito através de contratos de gestão. As
OSs se comprometem com metas,
prazos, indicadores e obrigações.
Caso deixem de fazer o que está estabelecido, sofrem descontos nos repasses e podem ser inabilitadas.
O substitutivo aprovado é um pouco diferente do projeto apresentado
por Serra. Por ora, os vereadores restringiram as OSs à saúde. Pela proposta original, o modelo também
poderia ser utilizado em educação,
cultura, ambiente, esportes, ciência e
tecnologia.
A principal vantagem do modelo
baseado nas OSs é estimular um aumento de eficiência na gestão da saúde. Para cumprir os termos de seu
contrato com o poder público e fazer
jus à remuneração acordada, essas
entidades têm interesse em baixar
custos, agilizar processos e ampliar
o atendimento. Ao concentrarem-se
na administração de uma unidade
específica -um hospital, um pronto-socorro-, as OSs têm mais condições de realizar um trabalho melhor comparadas ao poder público,
que tem de gerir uma rede extensa.
A liberdade de contratar serviços e
profissionais sem os requisitos obrigatórios das licitações e dos concursos, por sua vez, confere um ganho
adicional de agilidade às OSs. É evidente que a realização desses objetivos depende de que os contratos de
gestão contenham termos razoáveis
-basicamente o balanço entre metas exigidas e remuneração oferecida- e de que o poder público fiscalize com rigor a sua execução.
Implantadas com os cuidados necessários, as OSs podem ser um caminho interessante para utilizar melhor os recursos públicos na saúde.
Elas já existem em nível federal e em
alguns Estados. Em várias situações,
têm se revelado valiosas. Hospitais
paulistas administrados nesse regime já demonstraram essa capacidade: reduziram despesas e ainda ampliaram a cobertura aos cidadãos.
É de esperar que o processo de implantação das OSs em São Paulo evite
descaminhos já conhecidos -basicamente o uso das facilidades que o
sistema confere para beneficiar apaniguados políticos- e otimize as
virtudes do modelo. Mas não há dúvidas de que a cidade acerta ao abrir
as portas para tal inovação na saúde.
Texto Anterior: Editoriais: NOTÍCIAS DO FED Próximo Texto: São Paulo - Vinicius Torres Freire: A esquerda dança com a direita Índice
|