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Canos furados
MAIS DIFÍCIL do que colocar um estudante na
universidade é fazer
com que ele dela saia formado.
Estudo do Instituto Lobo para o
Desenvolvimento da Educação,
da Ciência e da Tecnologia feito a
partir de dados do Censo da Educação Superior mostra que só
51% dos alunos que ingressam
anualmente no sistema de ensino superior conseguem, quatro
anos depois, obter o diploma.
Do 1,4 milhão de alunos que ingressou no sistema em 2002,
apenas 718 mil saíram formados
em 2005. Essa evasão de 49% é
extremamente elevada, mesmo
considerando as imprecisões
metodológicas desse gênero de
estudo. No Japão, apenas 7% dos
alunos deixam de concluir o curso após quatro anos. No México,
país com realidade socioeconômica mais próxima do Brasil, esse percentual chega a 31%.
É correto o diagnóstico das autoridades educacionais de que o
Brasil precisa com urgência aumentar a proporção de pessoas
com formação superior. Por
aqui, menos de 8% da população
adulta (entre 25 e 64 anos) tem
título universitário. A média da
OCDE -clube dos 30 países
mais ricos do mundo- é de 24%.
Na Coréia do Sul, país sempre
apontado como modelo de avanço educacional, a proporção já é
de 29,5%. No Chile ela é de 13%.
Não há dúvida de que o Brasil
deve, como vem fazendo, criar
mecanismos que incentivem o
jovem a obter formação superior. O Prouni (Programa Universidade para Todos) é um bom
exemplo. Mas é preciso também
tomar providências urgentes para baixar as taxas de evasão.
Para tanto, é necessário conhecer melhor o fenômeno e tentar
encontrar remédios adequados.
Os responsáveis pelo estudo da
evasão, por exemplo, dizem que
a questão econômica, sempre
apontada como principal causa
do afastamento, parece estar superdimensionada. É o caso de
traçar um diagnóstico detalhado.
"Mutatis mutandis", é como se
tivéssemos começado uma cara
reforma hidráulica sem antes tapar os muitos buracos do encanamento. Metade de nossos alunos estão ficando pelo caminho.
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