São Paulo, segunda-feira, 08 de janeiro de 2007

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Canos furados

MAIS DIFÍCIL do que colocar um estudante na universidade é fazer com que ele dela saia formado. Estudo do Instituto Lobo para o Desenvolvimento da Educação, da Ciência e da Tecnologia feito a partir de dados do Censo da Educação Superior mostra que só 51% dos alunos que ingressam anualmente no sistema de ensino superior conseguem, quatro anos depois, obter o diploma.
Do 1,4 milhão de alunos que ingressou no sistema em 2002, apenas 718 mil saíram formados em 2005. Essa evasão de 49% é extremamente elevada, mesmo considerando as imprecisões metodológicas desse gênero de estudo. No Japão, apenas 7% dos alunos deixam de concluir o curso após quatro anos. No México, país com realidade socioeconômica mais próxima do Brasil, esse percentual chega a 31%.
É correto o diagnóstico das autoridades educacionais de que o Brasil precisa com urgência aumentar a proporção de pessoas com formação superior. Por aqui, menos de 8% da população adulta (entre 25 e 64 anos) tem título universitário. A média da OCDE -clube dos 30 países mais ricos do mundo- é de 24%. Na Coréia do Sul, país sempre apontado como modelo de avanço educacional, a proporção já é de 29,5%. No Chile ela é de 13%.
Não há dúvida de que o Brasil deve, como vem fazendo, criar mecanismos que incentivem o jovem a obter formação superior. O Prouni (Programa Universidade para Todos) é um bom exemplo. Mas é preciso também tomar providências urgentes para baixar as taxas de evasão.
Para tanto, é necessário conhecer melhor o fenômeno e tentar encontrar remédios adequados. Os responsáveis pelo estudo da evasão, por exemplo, dizem que a questão econômica, sempre apontada como principal causa do afastamento, parece estar superdimensionada. É o caso de traçar um diagnóstico detalhado.
"Mutatis mutandis", é como se tivéssemos começado uma cara reforma hidráulica sem antes tapar os muitos buracos do encanamento. Metade de nossos alunos estão ficando pelo caminho.


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