São Paulo, sexta-feira, 08 de janeiro de 2010

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Editoriais

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Batalhas por tecnologia

A ONDA de glamourização internacional do Brasil é apenas o mais novo modismo acalentado por financistas esfolados durante a crise? Ou estamos de fato no início de um novo ciclo de desenvolvimento?
Isso dependerá da capacidade do parque produtivo local de inovar e crescer pela absorção de segmentos de maior intensidade tecnológica.
Vai nesse sentido a notícia de que a General Electric pretende instalar no Brasil um centro de pesquisa e desenvolvimento. O gigantesco conglomerado industrial, que produz de turbinas de avião a complexos equipamentos médico-hospitalares, possui apenas quatro desses centros de inovação no mundo: nos Estados Unidos, na Alemanha, na China e na Índia.
A perspectiva de crescimento da economia brasileira -com suas carências em infraestrutura e a nova fronteira de exploração de petróleo submarino- parece aguçar a busca por lucros da multinacional norte-americana.
É uma pena que raciocínio semelhante ainda não tenha atraído para o Brasil grandes fábricas de produção e desenvolvimento de componentes microeletrônicos. O forte impulso recente no consumo de celulares, TVs digitais e microcomputadores transformou o mercado brasileiro num dos maiores do mundo nesse segmento -e fez explodir o deficit comercial no setor.
Investimentos desse porte, decerto, não dependem apenas da pujança do mercado doméstico. Há uma disputa internacional entre governos para atraí-los, uma espécie de "guerra fiscal" em escala global. A administração Lula, na época da controversa adoção do padrão japonês para a TV digital, insinuava que, em contrapartida, japoneses instalariam no Brasil uma fábrica de semicondutores. Mais de dois anos se passaram e nada aconteceu.
Recentemente, o governo voltou a alimentar rumores de que negociações com empresas interessadas em fabricar componentes eletrônicos no país estavam em curso. É esperar para ver.


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