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Cobrança injusta
A decisão do governo federal de
não reajustar a tabela do Imposto
de Renda prejudica o contribuinte
brasileiro, já submetido a uma
carga brutal de tributos.
O problema surgiu em 1995.
Com a inflação controlada pelo
Plano Real, o governo Fernando
Henrique Cardoso acabou com a
correção automática, no esforço
de desindexar a economia.
Nos últimos 15 anos, tanto FHC
quanto Lula concederam reajustes abaixo da inflação, o que aumentou a distorção. O tucano
manteve a tabela congelada até
2001 e deixou o governo com uma
disparidade de quase 50%. O petista, ainda que tenha efetuado algumas correções, também não resolveu o problema integralmente.
O resultado é que a defasagem
acumulada nos últimos 16 anos
chegará a 70% em 2011, segundo
cálculos do Sindifisco Nacional. O
efeito é nefasto para o contribuinte, que paga um Imposto de Renda
cada vez maior em relação à proporção do seu salário, em geral
corrigido corrigido pelo índice oficial de preços.
Ao não reajustar a tabela, o governo reforça seu caixa em um
ano de contenção de gastos. Havia
no entanto outras fontes para obter recursos -afinal, o Brasil terminou 2010 com uma carga tributária recorde de 37%.
Não é a primeira vez que as autoridades econômicas utilizam o
IR para melhorar as contas públicas. Em 2009, a manobra de empurrar para o ano seguinte ao menos R$ 3 bilhões em restituições só
não deu certo porque foi flagrada
e exposta por esta Folha.
Houve pontos positivos, como a
criação das faixas de 7,5% e de
22,5%, em 2008, para se somar às
de 15% e 27,5%, o que aumenta a
justiça tributária. Mas é pouco. O
governo deveria retomar a política
de correção da tabela do IR.
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