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EXCEÇÃO PERMANENTE
É preocupante a notícia de
que o governo da Colômbia
prorrogou por mais três meses o estado de exceção vigente desde o dia
12 de agosto último. O presidente Álvaro Uribe, que foi eleito prometendo pulso firme contra a guerrilha, tomou posse em 7 agosto. Praticamente toda a sua administração transcorreu sob estado de exceção.
Apesar de as forças de segurança
colombianas estarem com seus poderes de polícia ampliados, não foram capazes de infligir golpes significativos na guerrilha, que segue
atuando com desembaraço.
Em princípio, o governo não poderá prorrogar por mais uma vez o estado de exceção, pois a Constituição
colombiana limita as renovações a
duas. Mas não se pode descartar a
possibilidade de Uribe vir a alterar a
Carta. Se os problemas excepcionais
que deram origem ao estado de exceção não foram resolvidos, poderá argumentar o governo, não há motivos
para que o regime especial deixe de
vigorar. Surge assim o risco de a exceção tornar-se o estado permanente, o que já acontece de modo entrecortado há uns 30 anos.
Ninguém duvida de que as Farc
(Forças Armadas Revolucionárias da
Colômbia), a mais atuante guerrilha
do país, foram as principais responsáveis pelo fracasso das negociações
de paz com o governo, sob a gestão
de Andrés Pastrana (1998-2002). O
colapso do diálogo foi, aliás, um dos
fatos que ajudaram Uribe a eleger-se
presidente. Mas isso não significa
que as Farc devam ser totalmente
desprezadas como força política.
A Colômbia está em guerra civil já
há quase 40 anos. Só na última década, o conflito produziu 40 mil mortos. Os observadores são mais ou
menos unânimes em afirmar que
nem o governo derrotará militarmente as Farc -apesar da bilionária
ajuda que Bogotá recebe de Washington-, nem as Farc vencerão o
governo. Isso significa que, se a Colômbia quiser a paz, governo e guerrilhas, cedo ou tarde, terão de chegar
a algum tipo de entendimento.
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