|
Próximo Texto | Índice
SINUCA AUTOMOBILÍSTICA
Antes mesmo da crise cambial a indústria automobilística vinha enfrentando problemas de excesso de oferta e, talvez mais grave, de aumento
exagerado da capacidade produtiva.
Diante de um cenário recessivo certamente mais forte nos próximos meses, o impasse é ainda maior.
As iniciativas visando a uma diluição dos impactos na produção e no
emprego são louváveis, mas são um
paliativo. Resta saber se, sobre esse
terreno de negociações aplainado
nas últimas semanas, não seriam
possíveis políticas mais ousadas.
O ministro do Desenvolvimento,
Celso Lafer, condenou as câmaras
setoriais com insistência, em alguns
pronunciamentos após a posse. Ora,
o que se presenciou nas últimas semanas foi a reconstrução de mecanismos de negociação que, na prática, constituem uma autêntica câmara
setorial, incluindo governo, empresas e sindicatos de trabalhadores.
É certo que a pauta dessas negociações e mesmo o seu ritmo foram ditados pela angústia, causada não só
pelo horizonte negro, mas pela iminência de demissões em massa.
O efeito dos acordos alcançados será necessariamente temporário. Entretanto nada impede que o governo
federal abandone o imobilismo e,
mesmo mudando o nome, se preferir, reabra negociações sobre o regime automotivo em seu conjunto.
Aliás, é importante registrar que as
dificuldades de várias montadoras
são grandes não apenas no Brasil,
mas na Argentina também. Assim,
seria oportuno incluir na agenda
uma reavaliação dos horizontes do
setor automobilístico no Mercosul.
Uma negociação séria, pautada pela
reformulação da política industrial
para o setor, precisa partir de uma
constatação preliminar: o problema
se concentra no excesso de capacidade de produção. Ele é agravado pela
ânsia com que os Estados, num momento que talvez parecesse mais
promissor, assumiram compromissos com montadoras que, na atual
crise, tampouco terão como honrar.
Ou se encara a questão ou as partes
que hoje negociam ficarão condenadas a lutar por medidas paliativas.
Próximo Texto | Índice
|