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VOLTA A CHANTAGEM
Mais uma vez, empresários de
ônibus urbanos de São Paulo
se valem do abuso de seu poder econômico para tentar aumentar seu faturamento. A paralisação parcial verificada ontem e a perspectiva de novas interrupções no serviço aos paulistanos são, como quase todo movimento "grevista" nesse setor, resultado de um locaute: os empresários
atrasam o pagamento a funcionários, o que serve como incentivo às
paralisações que têm por objetivo
pressionar a prefeitura. Locaute é
prática vedada pela legislação.
As viações têm todo o direito de
pleitear reajustes de tarifas e modificações contratuais. Se conseguirem
justificar suas reivindicações através
de planilhas de custo, é bastante provável que sejam atendidas, visto que
o município não tem nenhum interesse em inviabilizar o sistema. Caso
os empresários julguem que os preços praticados estão lhes causando
prejuízo, podem até mesmo rescindir os seus contratos, como, aliás, já
ameaçaram fazer.
A suspeita, porém, é a de que o setor esteja tramando para, aproveitando-se da conjunção de ano eleitoral
com a aproximação do acordo coletivo dos motoristas, tentar arrancar
vantagens da prefeitura.
O poder municipal não pode ceder.
Não é de hoje que as viações procuram impor seus caprichos a uma cidade de 10 milhões de habitantes valendo-se de chantagens e métodos
truculentos. É verdade que São Paulo
precisa das viações, mas também é
verdade que elas dependem ainda
mais da prefeitura.
Novos ônibus podem ser fabricados e novas empresas podem ser
criadas; já o setor não pode desprezar um mercado de 1,9 bilhão de viagens por ano cuja receita chegou a
R$ 1,83 bilhão em 2005.
O prefeito José Serra precisa ser duro e fazer valer o interesse público. É
até possível que a prefeitura amplie
os subsídios ao transporte, mas essa
é uma decisão que precisa partir do
poder municipal, e não da ganância
de um grupo de empresários.
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