|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
Lula e a verticalização
BRASÍLIA - É comum ler nos quadros de "quem ganha e quem perde" que
Lula é um perdedor com a manutenção da verticalização.
As alianças nos Estados terão de
respeitar os acertos nacionais. O
PMDB não vai nem querer pensar
em dar o vice para Lula. Tudo verdade. Mas a conta está incompleta.
O PMDB corre o risco de ficar sem
candidato a presidente. Partidos médios e nanicos, como o PDT e o PPS
(ex-partidão), também podem não
lançar nomes para o Planalto. Ótimo
para Lula, que terá menos opositores
a atacá-lo no rádio e na TV.
O PSDB também pagará um preço
alto para ter o PFL ao seu lado. De
novo, excelente para o petista. Lula
terá seu principal adversário em
meio a uma aliança conflagrada e
mal ajambrada.
Política não é uma ciência, mas os
números ajudam a clarear o cenário.
Em 1998, havia três candidatos competitivos: FHC, Lula e Ciro Gomes.
Deu FHC no primeiro turno.
Em 2002, havia quatro candidatos
no páreo: Lula, Serra, Garotinho e Ciro Gomes. A disputa foi para o segundo turno.
Quem será o Ciro Gomes desta vez?
E o Garotinho? Ninguém sabe.
Os nomes de maior relevância depois de Lula e de um tucano podem
acabar sendo os de Heloísa Helena
(PSOL) e Enéas (Prona). Dificilmente
ambos serão capazes de dividir o eleitorado a ponto de levar a eleição para o segundo turno.
Como se sabe, o primeiro turno é
quase inútil para o confronto de
idéias e de projetos. O candidato favorito se recusa a ir a debates -basta lembrar FHC e Lula.
A chance de o eleitor conhecer um
pouco mais duas propostas diferentes
é haver segundo turno. Só que a manutenção da verticalização, por enquanto, torna mais provável um cenário de fatura liquidada no primeiro round. Lula não poderia desejar
um ambiente melhor para ganhar
mais quatro anos no Planalto.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
Texto Anterior: Londres - Clóvis Rossi: A maçaneta e o guarda-chuva Próximo Texto: Rio de Janeiro - Sergio Costa: A cadeia alimentar Índice
|