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ENERGIA COM A POLÍCIA
O governo estadual até agora não
mostrou disposição de reagir com a
energia que se esperava diante do
lastimável caso da PM em Diadema.
Infelizmente, as declarações do secretário de Segurança, José Afonso
da Silva, à Folha levam realmente a
crer que o governo paulista optou
por uma linha de atuação discreta,
para não dizer omissa, diante do evidente quadro de deterioração da PM.
Em claro desacordo com o sentimento da população, Silva trata a selvageria de Diadema como um ``desvio''. Ou diz que, ``se tivéssemos
uma sociedade de anjos, também teríamos uma polícia de anjos ou até
nem teríamos polícia''.
O secretário até poderia argumentar que a reforma da polícia é uma
tarefa que envolve enormes obstáculos práticos e políticos. Renovar os
quadros de comando é uma tarefa difícil. A corporação está viciada há
anos; seus membros mais graduados
foram formados em governos autoritários ou em administrações descompromissadas com os direitos humanos. O recrutamento na base da
tropa enfrenta problemas igualmente graves.
Mas quantos massacres serão necessários antes que o governo se empenhe em começar a enfrentar essa
questão? A reestruturação deve ter
início com a punição exemplar dos
culpados. Sabe-se que isso não é tarefa exclusiva do governador. Ademais, a Justiça Militar costuma ser
excessivamente branda com membros da corporação. Mas os casos recentes de insubordinação estão na alçada imediata do governador.
Outra de suas preocupações, espera-se, é procurar renovar os comandos. O comprometimento do atual
governo com uma política de direitos
humanos e a preocupação manifesta
de Covas em civilizar os métodos da
PM são louváveis, mas correm o risco
de cair no vazio retórico das ``boas
intenções'' caso não se traduzam,
diante do episódio de Diadema, em
ações efetivas.
Pesquisa do Datafolha revela que
23% dos paulistanos temem mais
policiais que bandidos e 33% os consideram igualmente perigosos. Ainda há tempo para Covas começar a
alterar esse quadro.
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