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UM PAPEL PARA A ONU
As forças da coalizão anglo-americana vão fazendo progressos no Iraque. O objetivo primordial da invasão, desfechar um
golpe de Estado contra o regime de
Saddam Hussein, não parece muito
distante. Os dois senhores da guerra,
o presidente George W. Bush e o premiê Tony Blair, já se reúnem para
discutir a "reconstrução" do Iraque.
A exemplo do que se passou nas
negociações diplomáticas anteriores
ao conflito, existem divisões entre
EUA e Reino Unido e mesmo entre
os principais auxiliares de Bush.
Blair, como os países europeus, defende um importante envolvimento
da ONU no pós-guerra. Bush e seus
secretários estão mais inclinados a
aprovar uma administração norte-americana na qual iraquianos de
oposição teriam alguma voz.
A divisão interna na Casa Branca
mais uma vez opõe o grupo dos "falcões" que gravitam em torno do vice-presidente Dick Cheney e do secretário de Defesa Donald Rumsfeld ao
secretário de Estado, general Colin
Powell, tido como um moderado
com tendências multilateralistas.
Powell, embora não advogue por
um papel muito relevante para a
ONU, afirma que ela é o único órgão
capaz de emprestar legitimidade à
administração pós-Saddam. Os "falcões", para os quais a legitimidade
não parece ser um conceito relevante, defendem que a gestão americana
tenha início já nos próximos dias.
A tendência, pelo menos por ora, é
a de que a posição dos "falcões" prevaleça. Muitos deles são ligados às
empreiteiras e empresas petrolíferas
que seriam beneficiadas com lucrativos contratos por uma administração americana. Guerras costumam
proporcionar excelentes oportunidades para transformar gastos públicos em rendimentos privados.
Cabe a países como o Brasil pressionar para que a ONU seja a protagonista da "reconstrução". A organização, que já foi amesquinhada por
Bush na deflagração do conflito, é
única instituição capaz de emprestar
alguma legitimidade à administração pós-guerra.
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