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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Semana Santa
e diálogo
Nos próximos dias, celebramos
a Semana Santa e, em especial, o
tríduo da instituição da Eucaristia na
Última Ceia, a paixão e morte do senhor Jesus Cristo e sua gloriosa Ressurreição. Nos países de tradição cristã, estes dias convidam a todos para
renovar a gratidão a Deus pelo mistério da salvação. As comunidades cristãs procuravam ao longo da Quaresma intensificar a oração, a penitência
e o dever fraterno da caridade em preparação ao maior evento de nossa fé: a
vitória de Cristo sobre o pecado e a
morte.
O fruto desta semana é, em primeiro
lugar, de conversão pessoal, pedindo a
Deus que perdoe nossas faltas e nos
ajude a corrigi-las, para vivermos
sempre mais o mandamento do amor,
a "vida nova" que a Ressurreição de
Cristo nos alcançou e nos concede.
Há, também, um fruto a promover no
nível da convivência fraterna, não só
no âmbito familiar, mas nos relacionamentos na sociedade.
É necessário avançarmos em direção a um entendimento melhor no
seio da sociedade. O espírito cristão de
fraternidade e o relacionamento próprio de cidadãos devem nos levar a
formas de diálogo mútuo e compreensão para obtenção conjunta das
metas do bem comum. A justiça e a
paz caminham juntas.
O que constatamos, no entanto, está
bem distante dessa compreensão. No
mundo inteiro, as tensões acabam gerando conflitos e ressentimentos que
tornam mais difíceis a promoção da
concórdia e do bem comum.
A Semana Santa nos convoca para
um discernimento coletivo em busca
de procedimentos e soluções adequadas. O importante é o aprendizado do
diálogo, como capacidade de ouvirmos as posições, esclarecermos os
pontos de divergência e encontrarmos
os caminhos possíveis para o bem dos
grupos e de todo povo. Não podemos
perder o bom senso, a arte de conversar que alicerça a esperança de um relacionamento pacífico na base da justiça e do respeito recíproco.
Não é condizente com a convivência
democrática o confronto entre grupos
populares e as autoridades, que recorrem à polícia armada para conter excessos. Todos estamos de acordo que
é preciso manter a ordem, mas o recurso à repressão impede o bom entendimento e pode acirrar os ânimos.
Procuremos nos ajudar para, antes
dos confrontos, empregar todos os esforços para que os grupos e os movimentos populares sejam acolhidos,
ouvidos e atendidos na medida da justiça e suas propostas.
Bom exemplo é o caso, em Minas
Gerais, das constantes reuniões entre
caciques crenaques, Funai e autoridades do governo estadual e as empresas
que atuam em seu território. Os frutos
começam a surgir graças ao método
de diálogo respeitoso e interessado em
conseguir os resultados.
Na segunda-feira 3 de abril, faltou o
diálogo quando manifestantes apresentavam suas reivindicações quanto
ao custo da energia elétrica diante da
sede da Cemig, em Belo Horizonte.
Houve confronto. É lamentável! Temos que evitar situações semelhantes,
criando condições anteriores para o
tão desejado diálogo entre o povo organizado e as autoridades.
Peçamos a Deus que nos ajude!
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna.
@ - almendescuria@yahoo.com.br
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