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ELIANE CANTANHÊDE
Baixou polícia
BRASÍLIA - Quanto mais a imprensa mexe, remexe e junta os "ossinhos de galinha", mais vai surgindo um "dinossauro" dentro da Casa
Civil. A estratégia de comunicação
do governo tem enorme responsabilidade nisso.
Quando surgiu a história do dossiê, Dilma Rousseff e Franklin Martins deveriam ter ido direto ao ponto: existe, está sendo coletado a partir do dia tal, pela equipe tal, abrangendo o período tal. Não é por nada.
Só para a necessidade de a CPI pedir os dados ao Planalto.
A gritaria continuaria um pouco,
com a imprensa cobrando e condenando o uso da máquina do Estado
para constranger adversários políticos. Mas a novela do dossiê, sem
novos capítulos, tenderia a perder
audiência. Até porque o governo
tem maioria na CPI da Tapioca, e a
oposição late, mas não morde.
Dilma Rousseff e Franklin Martins, porém, têm vocação para a
guerra. Multiplicam versões que
caem uma atrás da outra e se mantêm de prontidão, não para a defesa,
mas para o ataque.
O resultado são duas novas frentes de batalha: a Polícia Federal e,
talvez, uma nova CPI exclusiva no
Senado, com maior equilíbrio de
forças. O que se resolveria com a comunicação virou caso de polícia. Se
Lula se irritava com "um clandestino" no Planalto, pode se preparar
para vários "clandestinos".
PF e CPIs seguem aquela velha
regra: sabe-se como começam,
nunca como acabam. E com a PF
não há, ou não deve haver, negociação e acordo. Senão, o dossiê do uiscão vira o dossiê do uiscão e... da PF.
A imprensa, por vocação e por
obrigação, "briga" pela notícia, pela
informação, pela verdade. Dilma e
Franklin deveriam ter respirado
fundo e tirado os ossos da Casa Civil. Como? Com notícia, informação, verdade. Simples assim. Quando um não quer, dois não brigam. E
não baixa a polícia.
A não ser que o dinossauro seja
ainda mais feio do que parece.
elianec@uol.com.br
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