|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
editoriais@uol.com.br
A evolução do lixo
UMA POLÍTICA Nacional de
Resíduos Sólidos como a
aprovada pela Câmara
dos Deputados não tem o poder,
por si só, de remeter o Brasil ao
paraíso da destinação correta do
lixo que o senso comum atribui a
sociedades desenvolvidas, como
as da Europa. No caso, o ordenamento legal veio no empuxo do
processo de modernização iniciado na própria esfera da produção e do consumo. Basta dizer
que a legislação ficou 19 anos em
debate no Congresso.
Nesse meio tempo, o país não
ficou parado. Poucos se dão conta, mas no que toca à reciclagem
os brasileiros alcançam posições
de destaque. Das famigeradas
garrafas PET, por exemplo, reciclamos 54,8%. Só estamos atrás
do Japão, com seus 69,2%, e à
frente da União Europeia (46%).
Quanto a latas de alumínio, o
Brasil detém o recorde mundial,
com 90% de reaproveitamento.
Isso graças a um exército de catadores pobres, para os quais essa
pequena renda faz diferença.
Uma política consequente de
resíduos, no entanto, não se resume à reciclagem. Precisa contemplar também os princípios
não menos importantes da redução do lixo produzido (por meio
da racionalização de embalagens), da reutilização (quando
factível) e do tratamento adequado para deposição final dos
resíduos inevitáveis. Quanto a isso, o Brasil permanece a nação
dos lixões a céu aberto e do entulho jogado nas calçadas.
A legislação aprovada pela Câmara consagra as tendências
mais modernas para o tratamento racional do lixo, como a responsabilidade compartilhada
-ou seja, fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes devem todos favorecer
produtos recicláveis.
Outra inovação que ganha reforço é a logística reversa: lixo
problemático ou tóxico precisa
ser recolhido pela própria cadeia
de comercialização, como já se
pratica com pilhas elétricas.
Ao que tudo indica a proposta
será referendada pelo Senado e
sancionada pela Presidência da
República. É de esperar que a nova lei possa dar um novo impulso
à lenta evolução verificada nos
últimos anos.
Texto Anterior: Editoriais: Contagem sinistra Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Subdesenvolvidos. E felizes Índice
|