São Paulo, domingo, 08 de maio de 2011 |
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Editoriais editoriais@uol.com.br Autonomia sem foco Com o objetivo declarado de aproximar o ensino médio dos interesses dos alunos e das necessidades do mercado de trabalho, o Conselho Nacional de Educação aprovou diretrizes para ampliar a autonomia das escolas na definição de seus currículos. O documento aprovado por esse órgão consultivo do Ministério da Educação ainda precisa ser homologado pelo titular da pasta, Fernando Haddad. Uma vez em vigor, colégios de todo o país estarão autorizados a dar ênfase, na grade horária, a áreas específicas, como ciências naturais, de um lado, ou humanas, de outro. São bem-vindas as tentativas de superar os entraves de uma etapa da formação escolar que, nos moldes atuais, já não atende às necessidades dos estudantes. As diretrizes partem de uma avaliação correta da realidade, mas ainda representam um esforço titubeante do Estado para enfrentar os dilemas da escola secundária. O ensino médio apresenta a seus alunos uma gama enciclopédica de disciplinas, da física à sociologia, que deveria servir de base para os estudos superiores. Na prática, é inútil para quem não pretende ou não consegue fazer um curso universitário. Nas redes públicas, ainda prepara mal o aluno para enfrentar vestibulares. O resultado é um persistente desinteresse dos adolescentes. Estudantes abandonam a escola e ingressam de maneira prematura no mercado de trabalho, em troca de baixos salários. Cerca de 15% dos jovens entre 15 e 17 anos deixam de frequentar as salas de aula. As diretrizes do CNE representam uma carta de intenções para mudar essa realidade. O simples rearranjo da grade horária das disciplinas não será suficiente, no entanto, para alterar a percepção de muitos estudantes sobre a falta de relevância do ensino médio. Falta treinar melhor os professores e aumentar sua eficiência na transmissão do conhecimento. Sem prejuízo da maior flexibilidade no currículo, é preciso impor padrões mínimos de conteúdo e métodos de ensino a todas as escolas, em todas as disciplinas. Só uma escola que aumente a possibilidade de acesso à universidade ou ao mercado de trabalho será capaz de atrair e manter adolescentes nas salas de aula. Texto Anterior: Editoriais: Recaída imperial Próximo Texto: São Paulo - Hélio Schwartsman: Felizes para sempre Índice | Comunicar Erros |
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