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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Parabéns pela cidade limpa
ENTROU EM vigor a todo o vapor na última segunda-feira
(2/7) lei do Cidade Limpa na
capital de São Paulo (14.223/
2006), que visa disciplinar o uso de
anúncios.
Naquela data acabou o período
de adaptação, e os infratores passaram a ser multados. E as multas são
pesadas. Começam com R$ 10 mil e
vão subindo numa progressão geométrica e meteórica para que os cidadãos pensem duas vezes antes de
invadir a cidade com anúncios inadequados.
Houve tempo para tomar providências. E isso foi muito bom. Sem
punições, a maioria dos responsáveis entendeu que deveria respeitar as normas de civilidade, providenciando a retirada de anúncios
que tornavam São Paulo uma das
cidades mais poluídas do mundo.
Aos poucos, os paulistanos foram descobrindo uma cidade esquecida ou que nunca conheceram.
Uns ficaram admirados com a arte
embutida na arquitetura das construções. Outros se assustaram com
as rachaduras nos edifícios, estruturas maltratadas, marquises
caem-não-caem, redes elétricas a
céu aberto e outros problemas que
eram escondidos pelos anúncios.
Está aí uma lei de boa qualidade.
O povo gostou. No início, os infratores reclamaram, mas acabaram
se ajustando. A nova lei surtiu efeito antes mesmo de entrar em pleno
vigor.
O que está faltando, agora, além
da retirada das armações dos
anúncios, é uma ação educativa e
repressiva aos pichadores e aos
moradores de rua que emporcalham as paredes dos prédios e que
usam as praças e as ruas da cidade
como dormitórios, banheiros e lavanderias.
Há anos manifesto o meu inconformismo com a inaceitável sujeirada que tomou conta da cidade.
Será preciso fazer uma outra lei para corrigir esse problema? Penso
que não. Na lei do Cidade Limpa há
dispositivos que se referem ao
combate à poluição visual, bem como à degradação ambiental. Quer
mais degradação do que o emporcalhamento da Biblioteca Municipal Mário de Andrade? Ou gente
que dorme, urina e lava roupa em
plena praça Ramos de Azevedo, nas
barbas do Carlos Gomes?
Se lei existe, o que falta é um programa efetivo por parte da prefeitura para acabar com as pichações
indecorosas que ainda banham a
bela cidade. Não é possível continuar com esses maus exemplos.
O turista que vem a São Paulo fica com a impressão de ter chegado
a um planeta diferente, onde nada
se entende do que é escrito nas paredes e tudo se faz nas ruas e nas
praças.
A cidade merece um tratamento
condigno em vista do que já fez e
continua fazendo para o progresso
econômico e social de São Paulo e
do Brasil.
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos domingos nesta coluna.
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