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ELIANE CANTANHÊDE
O erro existiu
BRASÍLIA - Fato 1: inspeção da Controladoria Geral da União produziu
um relatório detalhado sobre liberações do FAT (Fundo de Amparo ao
Trabalhador) para cursos da Força
Sindical, presidida pelo Paulinho, hoje licenciado para ser candidato a vice de Ciro Gomes.
Fato 2: a inspeção descobriu que
uma só pessoa, com o mesmo CPF, foi
registrada em 32 cursos em diferentes
cidades, mas, na verdade, só realizou
um, de cozinha, em São Paulo.
Fato 3: o ex-ministro Francisco
Dornelles, que apóia José Serra na
eleição, defende Paulinho e a Força
Sindical, critica o vazamento e credita a confusão a "erro técnico".
Fato 4: o Ministério do Trabalho divulga nota confirmando que um trabalhador foi mesmo registrado em 32
cursos. Mas justifica que não houve
desvio, e sim "procedimento indevido" de "executoras contratadas pela
Força Sindical".
Fato 5: também em nota, a controladora-geral, Anadyr de Mendonça
Rodrigues, destaca que a resposta do
ministério "comprova, por si só, que
havia procedência" na irregularidade apontada pela Controladoria e,
além disso, "não esgota as questões
suscitadas no relatório da auditoria".
O que equivale a dizer que a coisa
continua e ninguém foi absolvido de
nada. E as demais suspeitas contidas
em nada módicas 30 páginas de auditoria? Estão pairando por aí.
O ano é de eleições, as tensões se
amplificam, os corações pulsam forte.
Todo candidato vira alvo fácil, especialmente quem dispara nas pesquisas -caso de Ciro. A pressa é fundamental para Anadyr, que está no
centro do jogo político. Mas o melhor
também para o Ministério do Trabalho, a Força e Paulinho é responder
rapidamente às suspeitas e dúvidas.
Paulinho por motivos óbvios. Ciro
porque é quem mais perde com suspeitas sobre seu vice, especialmente
depois da queda de Martinez da
campanha. Dornelles porque foi
quem liberou os recursos do FAT.
Quanto mais rápido tudo se esclarecer, melhor para todos. Menos, claro, para os adversários.
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