São Paulo, quinta-feira, 08 de agosto de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Oriente Médio
"Na quarta-feira da semana passada, uma bomba de alta potência foi detonada no refeitório da Universidade Hebraica de Jerusalém. Sete pessoas morreram e cerca de 80 ficaram feridas. Não quero falar das vítimas inocentes, pois elas existem de ambos os lados. Infelizmente, nesse conflito, são os inocentes os que pagam os mais altos preços, enquanto muitos dos responsáveis diretos -de ambas as partes, insisto- seguem com as suas políticas que não levam a nada mais que à morte e à destruição. Quero ressaltar um ponto que me parece central nesse assunto. O atentado é especialmente bárbaro não só devido às vítimas que produziu mas por ser um ataque aos valores que a Universidade Hebraica de Jerusalém representa. Esse centro acadêmico tem sido, desde a sua fundação, um bastião do humanismo, da racionalidade, do diálogo sem distinções e da tolerância. Aqui trabalhamos e estudamos pessoas de todos os credos, etnias, nacionalidades e religiões, convivendo dia após dia. Muitos dedicaram suas vidas à causa da paz entre árabes e israelenses, à resolução do conflito no Oriente Médio e à defesa dos direitos humanos e civis de todos -também dos palestinos. O próprio atentado prova isso, já que alguns dos feridos eram árabes. Atacar o coração da Universidade Hebraica de Jerusalém para ferir e matar seus estudantes, empregados e professores significa atacar os valores que ela representa. O atentado foi um ato de barbárie, que demonstra que quem o perpetrou, além de vingança, pretende destruir o que resta do movimento pró-paz em Israel."
Mario Sznadjer, professor de história judaica contemporânea da Universidade Hebraica de Jerusalém (Jerusalém, Israel)

Educação
"Ao propor a criação de uma lei que determine a criação de cursinhos gratuitos nas universidades públicas, José Serra esquece-se do estado de penúria do nosso ensino superior. Faltam professores, equipamentos, salas de aula e até luz. Como sustentar esses cursinhos? Além disso, se o ensino fundamental fosse voltado para o desenvolvimento intelectual, social e humano, e não para a "decoreba", não haveria a necessidade de fazer cursinho, um verdadeiro atentado ao bem-estar físico e mental dos alunos."
Luís Ricardo Ribeiro Correa dos Santos (Sorocaba, SP)

Exportações
"Gostaria de cumprimentá-los pelo editorial "Ajuste oneroso" (Opinião, pág. A2, 7/8). Não há nação no mundo que se tenha desenvolvido sem um aumento expressivo de suas exportações. Da liberal Alemanha de Konrad Adenauer aos não-liberais Japão e Coréia, dos liberais Taiwan, Cingapura e Hong Kong à anti-liberal China continental, todos tiveram em comum um expressivo saldo comercial, particularmente com os EUA. O Brasil é um dos poucos países que têm tido déficit comercial com os EUA. Ou o Brasil corrige o seu fraco dinamismo exportador, abrindo mercados nos países que podem pagar, ou involuntariamente continuará a exportar a sua juventude para empregos indesejados no Japão, no Mercado Comum Europeu e nos EUA, transformando-se numa nação com o crescimento econômico de Cuba e a paz social da Colômbia."
Igor Cornelsen (São Paulo, SP)

"De teimoso que sou, estou na Bolívia, um dos países sul-americanos aos quais viajo periodicamente para tentar vender meus produtos -valendo-me de recursos próprios e sem apoio governamental à minha atividade de exportador. Minha empresa é pequena e, se houvesse no Brasil a pálida sombra de uma política séria de comércio exterior, estou seguro de que poderia triplicar -ou até quadruplicar- meus negócios aqui mesmo na América do Sul. Sempre que viajo, fico perplexo ao constatar que os tais "tigres" asiáticos, por exemplo, conseguem, de lá do outro lado do mundo, vir aqui à América do Sul e vender mais do que o Brasil. A explicação para isso está na falta de visão do atual governo, que passou oito anos obcecado por reduzir em alguns poucos pontos porcentuais a inflação em lugar de buscar a imprescindível geração de dólares, o que nos livraria da dependência do capital externo especulativo."
Eduardo Guimarães (São Paulo, SP)

Internações
"Gostaria de esclarecer que o depoimento que prestei a esse reconhecido órgão de imprensa -e que foi publicado sob o título "Projeto quer limitar internações" (Cotidiano, pág. C1, 22/7)- foi dado em caráter pessoal. Em nenhum momento afirmei ser essa a posição do Fórum de Patologias do Estado de São Paulo (Fopesp). Ao mesmo tempo, desejo informar que a questão de atendimento diferenciado aos pacientes do SUS e aos pacientes particulares e de convênios nunca foi apresentada para debate no seio da organização antes mencionada e que atualmente coordeno. Sua intervenção foi um alerta, pois, na reunião de 6 de agosto, apresentamos moção para que as associações tomassem uma posição oficial a respeito."
Jorge Curbelo, diretor-executivo da Associação Brasileira de Hepatopatas e Receptores de Transplante -A.B.He.R.Tra. (São Paulo, SP)

Insinuações
"O leitor Sérgio Santa Rosa ("Painel do Leitor", 7/8) ofende Paulo Maluf com insinuações de que os advogados do ex-prefeito de São Paulo são os responsáveis pelo fato de os processos contra Maluf nunca encontrarem guarida na Justiça. O leitor é como aqueles adversários políticos de Paulo Maluf que promovem esses processos contra o presidente nacional do PPB e expressam suas opiniões baseados apenas nas mentiras que divulgam sobre Maluf, principalmente quando ele está em primeiro lugar nas pesquisas eleitorais. Mentiras que a Justiça ignora e descarta, pois os magistrados só lidam com fatos, e não com histórias da carochinha."
Adilson Laranjeira, assessor de imprensa de Paulo Maluf (São Paulo, SP)

Transportes
"A Folha publicou em 2/8 a reportagem "Empresas de ônibus querem fechar garagens e demitir motoristas" (Cotidiano, pág. C5). Fomos procurados pelo repórter Alencar Izidoro para que o secretário municipal de Transportes, Carlos Zarattini, se manifestasse a respeito somente na sexta-feira, quando a reportagem já havia sido publicada. Segundo o repórter, não fomos procurados na quinta-feira porque o empresário William Chaim havia respondido à reportagem tarde da noite. O secretário atendeu o repórter no fim da tarde do dia 2/8, explicando que tinha em mãos carta assinada pelos empresários garantindo que seriam mantidos os postos de trabalho e que haveria um remanejamento de garagens para racionalização da operação e de seus custos. Para nossa surpresa, essas explicações não foram publicadas. Diante da linha editorial da Folha em relação à gestão da prefeita Marta Suplicy -com manchetes alarmistas, mais apropriadas a jornais populares, que se preocupam em vender, e não em esclarecer a população-, vimos lamentar que o bom jornalismo, tanto enaltecido pelo "Manual da Redação", tenha sido esquecido."
Sueli Rumi, assessoria de Comunicação Social e Imprensa da Secretaria Municipal de Transportes (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Alencar Izidoro
A reportagem apenas relatou uma decisão das empresas. O secretário foi procurado, posteriormente, para comentá-la. A carta citada não foi apresentada ao repórter.



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