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ELIANE CANTANHÊDE
A luta continua?
BRASÍLIA - Derrotados na votação da reforma da Previdência, os líderes
dos servidores públicos engataram
segunda e vão concentrar o ataque
agora num ponto: os fundos de aposentadoria complementar dos funcionários, a serem regulamentados
por lei e constituídos pelo Executivo.
"Na nossa opinião, tudo isso [a reforma] não foi para resolver a Previdência, nem as aposentadorias, nem
a situação dos servidores. O objetivo
foi um só: criar os fundos, sei lá com
que objetivos", disse (ou insinuou)
Ezequiel Nascimento, presidente do
Sindilegis (servidores do Congresso).
Nessa direção, ele pretende até fazer um vínculo entre fundos já existentes e o financiamento de campanhas do PT. Ameaça entrar no Ministério Público e no TCU com uma
denúncia: a de que a Previ (o fundo
de pensão do Banco do Brasil) teria
sido usada em 2002 para engordar os
cofres, entre outras, das principais
candidaturas petistas.
Em resumo, e na versão do sindicalista Ezequiel, a operação teria sido
assim: a Previ -cujos conselhos são
partilhados entre petistas e tucanos- investiu três vezes mais em
Bolsa de Valores em 2002 do que no
ano anterior. Como 2002 era ano
eleitoral, com a esquerda crescendo,
não era nada propício a investimentos de risco. E, depois, as empresas
saíram apoiando os petistas.
Pode ser bobagem, chororô de derrotado, mas mostra que os comandos
dos servidores não pretendem cruzar
os braços e, enquanto adesistas quebram vidros do Congresso à revelia,
eles partem para outras lutas. E com
gana nos principais ministros do PT,
mentores dos fundos.
Não se faz omelete sem quebrar
ovos. A reforma era necessária e foi
muito negociada, mas a relação dos
servidores com o governo Lula continua e deve ficar no mesmo patamar
em que estava no governo FHC. Ou
seja: péssima.
Entre as inúmeras faixas de pura
provocação exibidas na Esplanada
dos Ministérios, uma era especialmente malvada com Lula e com o
PT: "A Regina Duarte tinha razão".
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