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São Paulo, sexta-feira, 08 de agosto de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

A luta continua?

BRASÍLIA - Derrotados na votação da reforma da Previdência, os líderes dos servidores públicos engataram segunda e vão concentrar o ataque agora num ponto: os fundos de aposentadoria complementar dos funcionários, a serem regulamentados por lei e constituídos pelo Executivo.
"Na nossa opinião, tudo isso [a reforma] não foi para resolver a Previdência, nem as aposentadorias, nem a situação dos servidores. O objetivo foi um só: criar os fundos, sei lá com que objetivos", disse (ou insinuou) Ezequiel Nascimento, presidente do Sindilegis (servidores do Congresso).
Nessa direção, ele pretende até fazer um vínculo entre fundos já existentes e o financiamento de campanhas do PT. Ameaça entrar no Ministério Público e no TCU com uma denúncia: a de que a Previ (o fundo de pensão do Banco do Brasil) teria sido usada em 2002 para engordar os cofres, entre outras, das principais candidaturas petistas.
Em resumo, e na versão do sindicalista Ezequiel, a operação teria sido assim: a Previ -cujos conselhos são partilhados entre petistas e tucanos- investiu três vezes mais em Bolsa de Valores em 2002 do que no ano anterior. Como 2002 era ano eleitoral, com a esquerda crescendo, não era nada propício a investimentos de risco. E, depois, as empresas saíram apoiando os petistas.
Pode ser bobagem, chororô de derrotado, mas mostra que os comandos dos servidores não pretendem cruzar os braços e, enquanto adesistas quebram vidros do Congresso à revelia, eles partem para outras lutas. E com gana nos principais ministros do PT, mentores dos fundos.
Não se faz omelete sem quebrar ovos. A reforma era necessária e foi muito negociada, mas a relação dos servidores com o governo Lula continua e deve ficar no mesmo patamar em que estava no governo FHC. Ou seja: péssima.
Entre as inúmeras faixas de pura provocação exibidas na Esplanada dos Ministérios, uma era especialmente malvada com Lula e com o PT: "A Regina Duarte tinha razão".


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