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São Paulo, quarta-feira, 08 de outubro de 2003

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FAVELA GLOBAL

Elas são conhecidas por vários nomes. Na Indonésia, são "kampungs", na África do Sul, "townships", no Brasil, favelas. O modo de chamá-las, porém, não altera a realidade de pobreza e falta de infra-estrutura básica que as cerca.
Segundo o documento das Nações Unidas intitulado "O Desafio das Favelas - Relatório Global sobre Assentamentos Humanos", já chegam a 1 bilhão as pessoas que vivem em favelas. Trata-se de 1/6 da população mundial. E esse contingente tende a crescer rapidamente. Pelas projeções, o número de favelados deverá dobrar nos próximos 30 anos.
A favelização é um fenômeno relativamente novo na história da humanidade. Está intrinsecamente ligado à urbanização, que também avança aceleradamente. Hoje, cerca de 50% da população mundial -3 bilhões de pessoas- vive em cidades. Em duas décadas, deverão ser 5 bilhões. Habitat, o programa de assentamentos humanos da ONU, define favelas como aglomerados urbanos que combinam habitações precariamente construídas com acesso impróprio a água potável e a redes de saneamento, espaço per capita inadequado e ausência ou precariedade de títulos de propriedade.
No total, 31,6% dos habitantes de cidades vivem em favelas. Consideradas apenas as regiões em desenvolvimento, esse número chega a 43%. A situação, como sempre, é mais grave na África subsaariana, onde 71,9% da população urbana mora em favelas. Na América Latina e no Caribe, essa proporção é de 31,9%.
O pior de tudo nessa história é que, pelo menos em tese, o mundo dispõe de recursos e de tecnologia não só para atenuar o problema das favelas como também para acabar com a fome e melhorar substancialmente a saúde e a educação das populações mais miseráveis. Lamentavelmente, porém, a pobreza não parece ser a prioridade internacional. Basta lembrar que os EUA estão gastando, só para manter sua força invasora no Iraque, US$ 1 bilhão por semana.


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