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Editoriais
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Inércia municipal
O CONTINUÍSMO , até exacerbado, caracterizou também a eleição para os vereadores paulistanos. Enquanto
na média das capitais houve 51%
de renovação nas Câmaras Municipais, o Legislativo da maior
cidade do país contará com meros 16 vereadores novos num total de 55 -taxa de reciclagem
historicamente baixa de 29%.
Em 2000, ao cabo do governo
Celso Pitta e no rescaldo da investigação sobre a máfia dos fiscais, que levou à prisão de três
vereadores e à condenação de
outros dois, o indicador chegou a
51%. Na década de 1980, batia em
70%. Sem escândalos rumorosos
como estímulo, houve notória
recaída no voto paroquial, ou
movido a celebridade.
São nove os vereadores eleitos
com vínculos religiosos. Há quatro cantores, quatro sindicalistas
e três ligados a esportes. Na outra ponta, que mereceria mais
propriamente ser chamada de
representação política, há seis líderes comunitários.
As microbancadas setoriais,
porém, não rivalizam com o núcleo de gravidade da Câmara. O
"centrão" -uma disparatada
confraria de duas dezenas de vereadores de sete partidos (PR,
PV, PTB, DEM, PP, PSB e
PMDB)- controla as votações
de projetos, em geral inócuos, e
trocou de vez qualquer prurido
programático pela fisiologia.
Essa configuração, que sobreviveu na eleição de domingo,
tende a manter a Câmara atrelada à prefeitura, como uma espécie de guichê de trocas em que o
Executivo oferece favores ao Legislativo para emplacar projetos
de seu interesse. No restante do
tempo, votam-se ali, em geral,
matérias de escassa ou nula importância, como nomes de logradouros e dias disso e daquilo.
Resta a esperança de que a
pressão da opinião pública leve a
uma mudança de atitude na Câmara, que precisa ganhar autonomia e capacidade de fiscalizar
os atos do prefeito.
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