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CLÓVIS ROSSI
Confiança zero
SÃO PAULO - O Fórum Econômico Mundial divulga hoje assustadora
pesquisa feita com 36 mil pessoas de
47 países (do Brasil inclusive): a confiança nas instituições democráticas,
nas grandes corporações e na mídia
caiu para um nível crítico.
Para quem não lembra, o Fórum
Econômico Mundial é uma ONG
com status de consultora das Nações
Unidas, que, em todo janeiro, faz seu
encontro anual em Davos, nos Alpes
suíços, reunindo a elite dos governos,
das academias e dos negócios no planeta (com pequena participação de
organizações da sociedade civil).
A pergunta da pesquisa, feita pelo
Gallup International e pela Environics igualmente International, era
simples: listava 17 instituições e queria saber qual delas operava "no melhor interesse da sociedade".
"No mundo todo, a principal instituição democrática de cada país (isto
é, o Parlamento, o Congresso etc.) é a
menos confiável das 17 instituições
testadas", diz o relatório.
Dois terços dos pesquisados discordam de que seu país seja "governado
pelo desejo do povo".
Mídia e sindicatos gozam de tanta
confiança (ou desconfiança) quanto
os governos nacionais (em sua maioria, eleitos democraticamente).
Quem se sai bem na pesquisa? As
Forças Armadas ficam em primeiro
lugar (o que é explicado pelo seu papel na luta contra o terrorismo, o que
as catapultou a esse posto). Depois
vêm as ONGs (organizações não-governamentais), mais ou menos empatadas com as Nações Unidas.
De alguma forma, dá para dizer
que o público está crescentemente
tendendo a confiar em si próprio (se
assim se pode traduzir o prestígio das
ONGs) em vez de delegar confiança a
seus representantes eleitos, como seria o normal na democracia.
Está aí um bom aviso para Luiz
Inácio Lula da Silva e para o PT: a
confiança se dá pelo voto, mas pode
ser tirada facilmente depois se persistir a sensação de que o governo não é
exercido em nome do tal de povo.
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