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São Paulo, sábado, 08 de novembro de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Anaconda
"Fiquei surpresa ao ler a reportagem "Para procurador, há prova para prender juízes" (Brasil, 5/11), de Iuri Dantas e Gabriela Athias, que noticia o que teria sido dito por minha colega e por mim ao diretor-geral da PF a respeito das fitas que o juiz federal João Carlos da Rocha Mattos diz que teriam sido, supostamente, apreendidas pela PF. É conhecido o ditado que diz que o papel aceita tudo, mas atribuir declarações a quem não as fez já é irresponsabilidade. Faz-me lembrar um antigo programa humorístico da rádio Jovem Pan, transmitido após as partidas de futebol aos domingos. Era o "Rádio Camanducaia", cujo slogan era: "Quando não há notícias, "nóis" inventa". Eu imaginava que a imprensa -e esse jornal em particular- tinha se dado conta da importância do caso para o restabelecimento da credibilidade das instituições. Se faltam informações sobre o caso, deveriam os profissionais competentes perceber que processos criminais de tal envergadura, no momento em que ainda se encontram, não podem gerar informação na velocidade e na quantidade necessária para preencher as páginas de um jornal. Faço apelo a algum senso de responsabilidade e de compromisso com a informação por parte desse jornal."
Ana Lúcia Amaral, procuradora regional da República (São Paulo, SP)

 

"A reportagem "Atuação de juíza é alvo de investigação" (Brasil, pág A6, 7/11) informa que, "entre as operações suspeitas de ter lesado o Funcef, algumas foram realizadas pela Eucatex". É mentira. A Eucatex não mantém e nunca manteve, em tempo nenhum, nenhuma espécie de relacionamento com o Fundo de Pensão da Caixa Econômica Federal. Quem disse isso não tem como provar a mentira que propalou. Além disso, causa-me estranheza que esta empresa não tenha sido procurada pela reportagem para ser ouvida sobre aquilo que o jornal publicou, contrariando regra do "Manual da Redação".
Flávio Maluf, presidente da Eucatex (São Paulo, SP)

Proposta
"Tenho uma proposta para o governo petista. Eu tenho umas economias e gostaria de emprestá-las ao governo nas mesmas bases do acordo feito com o FMI. Eu empresto o dinheiro, o governo não o saca, mas me paga os juros do tempo do empréstimo. Aceita?"
Roberto Silva Costa (Ribeirão Preto, SP)

Bagdá do Brasil
"Participei recentemente de um congresso em São Luís do Maranhão, onde aterrissei animadíssima em uma noite quente. Pela manhã, no centro histórico, perplexa, procurava as fachadas de azulejos coloridos, os edifícios preservados pelo dinheiro que recebem há anos da ONU, o folclore... Estupefata, o que vi foram escombros. Bagdá mesmo. Crianças de todas as idades, com olhos remelentos, jogadas pelas ruas (algumas deitadas nas soleiras das portas, o olhar parado, perdido). Miséria. Não a pobreza, com a qual, infelizmente, nos acostumamos, mas miséria mesmo. Na praça principal, totalmente deteriorada, a única coisa que brilhava, branca, nova, eternamente renovada, era o Palácio do Governador. Versalhes entre ruínas. Apenas um outro edifício também retinia de novo: o museu do Sarney. Uma edificação de muitos mil metros quadrados, que abriga a fantástica e interessantíssima memorabilia do ex-governador. Para minha aflição e revolta, em cada botequim miserável que se entrasse, dois imensos quadros com molduras douradas rococós pareciam saltar das paredes descascadas. Como o congresso era internacional, calculem a minha vergonha ao explicar aos participantes de outros países que as pessoas usando a faixa no peito nas fotos despudoradamente coloridas eram, respectivamente, Sarney pai e filha, que se sucediam no governo do Estado há décadas. Um cínico comentou que nos livramos de boa quando Roseana saiu da corrida para a Presidência. Mas será que basta?"
Claudia Matarazzo (São Paulo, SP)

Precatórios
"Em relação à carta da leitora Cláudia Banho, publicada nesta seção em 3/11, a Coordenadoria de Imprensa do Estado de São Paulo esclarece que o governo do Estado, apesar da considerável dívida herdada das administrações anteriores a 1995, vem realizando um grande esforço para colocar os pagamentos em dia. 1. De janeiro de 1995 a dezembro de 2002, foram pagos R$ 4,7 bilhões em precatórios alimentares e não-alimentares. 2. Em 2002, o governo do Estado pagou R$ 394.763.414,66 em precatórios alimentares e R$ 636.303.926,07 em precatórios não-alimentares. 3. Neste ano, nos primeiros sete meses, já foram despendidos R$ 118.867.820,21 com o pagamento de precatórios -sempre de acordo com a ordem cronológica e de apresentação, como determina a Justiça. Outra medida tomada pelo governo paulista foi a elevação do teto de pagamento de obrigações e precatórios de pequeno valor. Em abril deste ano, o teto passou de R$ 8.000 para R$ 13 mil e, para garantir a atualização monetária anual, teve seu valor fixado em 1.135,1885 Unidades Fiscais do Estado de São Paulo."
Sircarlos Parra Cruz, coordenador de imprensa do governo do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Transporte
"Em relação à carta de Marcelo Melo Almeida, publicada em 4/11, é preciso esclarecer que, diferentemente do afirmado, o governo do Estado não se exime de suas responsabilidades com os cidadãos. Sobre a resolução que trata da concessão de isenção de pagamento no sistema de transporte coletivo metropolitano aos portadores de deficiência, as secretarias de Estado dos Transportes Metropolitanos e da Saúde aperfeiçoaram o sistema com um critério mais justo, evitando fraudes e prejuízos aos usuários. É importante ressaltar que, diferentemente do que afirma o leitor, os postos de saúde da capital são de responsabilidade da prefeitura desde 2001, quando foram municipalizados. São esses postos que respondem pelas demandas básicas também citadas pelo leitor. Em relação à validade do bilhete especial do metrô, informamos que, se a deficiência for permanente, a renovação do benefício ocorrerá automaticamente a cada 180 dias, não havendo a necessidade de novo laudo. Somente depois de dois anos a pessoa deverá apresentar outro laudo médico para a renovação."
Vanderlei França, assessor de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde e Ana Maria Ribeiro, assessora de imprensa da Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos (São Paulo, SP)

Rito de passagem
"É preocupante a paulatina diminuição da faixa etária dos jovens que se iniciam no consumo de bebidas alcoólicas. Pesquisa nacional realizada pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, que envolveu estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública, chegou à estarrecedora conclusão de que aproximadamente 50% das crianças entre dez e 12 anos já tiveram o primeiro contato com bebidas alcoólicas. Entende-se que o consumo de álcool seja encarado pelos jovens como um "rito de passagem" para o mundo adulto, incentivados que são pelo mau exemplo que recebem dos pais."
Júlio Ferreira (Recife, PE)

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