São Paulo, segunda-feira, 08 de novembro de 2010 |
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O Enem faliu. Não apenas por seus sucessivos fiascos mas em seu propósito. O exame surgiu para avaliar o ensino, não os alunos. No entanto, a partir do momento em que passou a ser adotado como vestibular alternativo, seu escopo inicial foi enterrado de vez, pois, assim como os alunos buscam preparação específica para os vestibulares regulares, também o fazem em relação ao Enem. Não estranharei ver cursinhos anunciando programas específicos de preparação ao Enem. Pergunto: o que está sendo avaliado, o ensino ou o aluno? Falido como está, o exame deveria ser abolido. Ou então ser assumido de vez como "vestibular unificado" e ter sua elaboração e sua aplicação entregues a entidades capacitadas, como a Fundação Carlos Chagas ou congênere. RICARDO LUÍS BOMFIM VAZ (Franca, SP)
CPMF
Devo ser minoria, mas, felizmente, nas democracias a minoria pode se manifestar. Sou a favor da volta da CPMF. Em todos esses anos como pagador de impostos, o único imposto que tive o prazer de pagar foi a "finada" CPMF. Foi o único imposto que, além de ser descontado na fonte, como o Imposto de Renda, não foi possível sonegar. Nascendo em 1996, como provisória, a CPMF vigorou até 31 de dezembro de 2007 e deixou um rombo de R$ 40 bilhões nas contas do governo. Além disso, a CPMF era usada pela Receita para vigiar a movimentação financeira de contribuintes, obrigando os bancos a informarem movimentações superiores a R$ 833 por mês de CPMF para pessoas físicas e de R$ 1.666 para pessoas jurídicas. A CPMF igualou os contribuintes das classes C e D com aqueles que podem pagar bons advogados e contadores. Mas não basta só criar a CPMF. Como ela não pode ser sonegada, bem que outros impostos altamente sonegáveis, como ICMS e Imposto de Renda, poderiam ter suas alíquotas diminuídas. FAUSTO ALVES (Rio de Janeiro, RJ)
Lobato
O texto de ontem de Aldo Rebelo sintetiza o que eu senti ao tomar conhecimento da recomendação do CNE de que sejam acrescentadas notas sobre os comentários "racistas" do livro "Caçadas de Pedrinho". Parece-me que os digníssimos conselheiros se esqueceram de que o linguajar utilizado nessa obra literária (e em qualquer outra) pertence à época em que o livro foi escrito e, como bem destacou o articulista, a própria Tia Nastácia se defende do racismo no fecho do livro ("negro também é gente, sinhá"). Como poderemos combater o analfabetismo funcional da nossa população se até o CNE sofre desse mal? ODALY TOFFOLETTO (São Paulo, SP)
Certamente, um comunista como o deputado federal Aldo Rebelo não se furta a fazer críticas à exploração do trabalho ou à prostituição infantis (que se iniciaram no tempo da escravidão, diga-se). Curioso é notar que o insigne parlamentar, quando se trata de linchamento psicológico de criança por meio de material didático, torne-se tão insensível, como mostrou no seu artigo publicado ontem. E de onde vem sua insensibilidade? Certamente por ser a vítima neste caso a criança negra, e não a criança branca. A polêmica em torno do livro "Caçadas de Pedrinho", de Monteiro Lobato, apenas ilumina um dos aspectos mais sórdidos do racismo brasileiro: a humilhação racial acompanhada de silêncio. E na infância. A educação em nosso país ainda se presta a isso, exatamente por falta de senso crítico e pela postura de "pilatianos", que lavam suas mãos diante da discriminação antinegra. Espero que o fim do racismo não dependa de parlamentares com posições como a do deputado citado. LUIZ SILVA (São Paulo, SP)
Sinfônica de Heliópolis
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