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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Imaculada Conceição de Maria
Fala-se de clonagem humana como se tudo fosse permitido à pesquisa científica. Todos sabemos que
há limite para a liberdade e que não
podemos prescindir dos ditames éticos em nenhum setor do agir humano. Com efeito, que direito alguém
poderia ter, alegando o uso de sua liberdade, de envenenar reservatórios
de água, de torturar crianças e de assassinar inocentes a seu bel-prazer?
No campo da pesquisa genética,
ninguém pode, por exemplo, justificar
a múltipla implantação de embriões
humanos e as sucessivas ações abortivas. Vai-se, no entanto, tornando frequente a prática de cientistas que, nos
laboratórios, sem nenhum freio moral, agridem, violentam e eliminam a
vida humana.
É nesse contexto de degradação ética
que devemos colocar ainda mais em
evidência a doutrina da Igreja ao venerar, no dia 8 de dezembro, a concepção da Virgem Maria, declarando
que foi santificada por Deus desde o
primeiro momento do início de sua
vida no seio materno. Essa graça e esse
privilégio foram concedidos a Maria
porque fora escolhida para Mãe de Jesus Cristo, nosso Salvador.
O culto à Imaculada Conceição de
Maria não só expressa nosso louvor e
gratidão a Deus pelo imenso benefício
recebido pela Mãe de Jesus, mas reforça no povo cristão a convicção de que
é preciso defender e promover a dignidade do ser humano desde o momento em que o óvulo é fecundado,
quando se inicia a vida humana, mesmo antes de se fixar no útero materno.
A celebração litúrgica da santidade
de Maria desde a sua concepção tem
consequências éticas no atual cenário
das pesquisas genéticas, afirmando o
respeito à pessoa humana e o pleno direito à vida que precisa ser salvaguardada contra qualquer manipulação do
ser humano e contra o aborto provocado.
Outro aspecto importante do culto
filial a Maria, Mãe de Deus e também
nossa, e que deve iluminar a pesquisa
científica é a valorização do vínculo
materno, isto é, da relação entre a mãe
e o filho. Não basta ao ser humano ter
início pela experimentação científica,
é preciso que cada pessoa possa se
sentir amada -e em primeiro lugar
pela mãe que a gera e a acalenta. Podemos imaginar o vazio e a carência afetiva do ser humano que viesse a nascer
sem a vinculação afetiva materna. Não
é difícil perceber os gravíssimos problemas psicológicos que essa situação
pode acarretar.
Na festa da Imaculada Conceição,
louvemos a Deus pela beleza da preservação contra todo pecado concedida a Maria pelos méritos de seu Filho
Jesus. Cresça em nós o apelo à santidade e o anseio de vivermos na graça de
Deus e no serviço ao próximo, com especial atenção às mães gestantes e
àqueles que elas trazem em seu seio.
Agradeçamos também a luz que lança sobre a dignidade inalienável da
pessoa desde o primeiro momento de
sua concepção e o direito que todo ser
humano tem de que sua vida seja respeitada pelos cientistas e acolhida
com amor por todos nós.
Bendita seja Maria entre as mulheres
e bendito o fruto de seu ventre, Jesus.
D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.
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