São Paulo, sábado, 08 de dezembro de 2001

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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Imaculada Conceição de Maria

Fala-se de clonagem humana como se tudo fosse permitido à pesquisa científica. Todos sabemos que há limite para a liberdade e que não podemos prescindir dos ditames éticos em nenhum setor do agir humano. Com efeito, que direito alguém poderia ter, alegando o uso de sua liberdade, de envenenar reservatórios de água, de torturar crianças e de assassinar inocentes a seu bel-prazer?
No campo da pesquisa genética, ninguém pode, por exemplo, justificar a múltipla implantação de embriões humanos e as sucessivas ações abortivas. Vai-se, no entanto, tornando frequente a prática de cientistas que, nos laboratórios, sem nenhum freio moral, agridem, violentam e eliminam a vida humana.
É nesse contexto de degradação ética que devemos colocar ainda mais em evidência a doutrina da Igreja ao venerar, no dia 8 de dezembro, a concepção da Virgem Maria, declarando que foi santificada por Deus desde o primeiro momento do início de sua vida no seio materno. Essa graça e esse privilégio foram concedidos a Maria porque fora escolhida para Mãe de Jesus Cristo, nosso Salvador.
O culto à Imaculada Conceição de Maria não só expressa nosso louvor e gratidão a Deus pelo imenso benefício recebido pela Mãe de Jesus, mas reforça no povo cristão a convicção de que é preciso defender e promover a dignidade do ser humano desde o momento em que o óvulo é fecundado, quando se inicia a vida humana, mesmo antes de se fixar no útero materno.
A celebração litúrgica da santidade de Maria desde a sua concepção tem consequências éticas no atual cenário das pesquisas genéticas, afirmando o respeito à pessoa humana e o pleno direito à vida que precisa ser salvaguardada contra qualquer manipulação do ser humano e contra o aborto provocado.
Outro aspecto importante do culto filial a Maria, Mãe de Deus e também nossa, e que deve iluminar a pesquisa científica é a valorização do vínculo materno, isto é, da relação entre a mãe e o filho. Não basta ao ser humano ter início pela experimentação científica, é preciso que cada pessoa possa se sentir amada -e em primeiro lugar pela mãe que a gera e a acalenta. Podemos imaginar o vazio e a carência afetiva do ser humano que viesse a nascer sem a vinculação afetiva materna. Não é difícil perceber os gravíssimos problemas psicológicos que essa situação pode acarretar.
Na festa da Imaculada Conceição, louvemos a Deus pela beleza da preservação contra todo pecado concedida a Maria pelos méritos de seu Filho Jesus. Cresça em nós o apelo à santidade e o anseio de vivermos na graça de Deus e no serviço ao próximo, com especial atenção às mães gestantes e àqueles que elas trazem em seu seio.
Agradeçamos também a luz que lança sobre a dignidade inalienável da pessoa desde o primeiro momento de sua concepção e o direito que todo ser humano tem de que sua vida seja respeitada pelos cientistas e acolhida com amor por todos nós.
Bendita seja Maria entre as mulheres e bendito o fruto de seu ventre, Jesus.


D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.


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