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O VIETNÃ DE BUSH
Até alguns meses atrás, quem
comparasse a situação dos
EUA no Iraque à malfadada campanha norte-americana no Vietnã seria
acusado de incidir em exagero e parcialidade. Hoje, a comparação com o
Vietnã se impõe e é discutida abertamente pelo establishment político.
É verdade que o número de baixas
norte-americanas na atual guerra
(2.100 soldados) mal se aproxima
das perdas no conflito da Indochina
(50 mil), mesmo porque a presença
militar dos EUA no sudeste asiático
se estendeu por mais de uma década.
Mas, no que diz respeito ao decisivo
"front" da opinião pública interna, o
presidente George W. Bush está
saindo derrotado.
De acordo com a pesquisa
CNN/"USA Today"/Gallup publicada na semana passada, 54% dos norte-americanos desaprovam o modo
como o presidente vem conduzindo
a guerra, contra 44% que julgam positivo o seu trabalho. Talvez mais
grave, 55% não acreditam que Bush
tenha um plano para vencer o conflito, enquanto 41% consideram que
ele tem.
Tendo em vista esses números, e
acuado por uma oposição que enfatiza cada vez mais os discursos antiguerra, o presidente lançou-se numa
ofensiva propagandística. Fez ontem
o segundo de uma esperada série de
pronunciamentos destinados a defender suas políticas com vistas às
eleições iraquianas do próximo dia
15. Afirmou que está havendo progressos, ainda que desiguais, na área
econômica e de infra-estrutura, mas
teve de admitir que mais derramamento de sangue é inevitável.
Bush procura, como pode, justificar o injustificável: uma intervenção
militar unilateral cujas razões alegadas se provaram falsas. As armas de
destruição em massa não existiam e
não era real a relação entre Saddam
Hussein e o terrorismo da Al Qaeda.
Pior, a intervenção que deveria levar
ao país ocupado paz, democracia e
respeito aos direitos humanos, vai
degenerando rumo à guerra civil.
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