São Paulo, quinta-feira, 08 de dezembro de 2005

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O VIETNÃ DE BUSH

Até alguns meses atrás, quem comparasse a situação dos EUA no Iraque à malfadada campanha norte-americana no Vietnã seria acusado de incidir em exagero e parcialidade. Hoje, a comparação com o Vietnã se impõe e é discutida abertamente pelo establishment político.
É verdade que o número de baixas norte-americanas na atual guerra (2.100 soldados) mal se aproxima das perdas no conflito da Indochina (50 mil), mesmo porque a presença militar dos EUA no sudeste asiático se estendeu por mais de uma década. Mas, no que diz respeito ao decisivo "front" da opinião pública interna, o presidente George W. Bush está saindo derrotado.
De acordo com a pesquisa CNN/"USA Today"/Gallup publicada na semana passada, 54% dos norte-americanos desaprovam o modo como o presidente vem conduzindo a guerra, contra 44% que julgam positivo o seu trabalho. Talvez mais grave, 55% não acreditam que Bush tenha um plano para vencer o conflito, enquanto 41% consideram que ele tem.
Tendo em vista esses números, e acuado por uma oposição que enfatiza cada vez mais os discursos antiguerra, o presidente lançou-se numa ofensiva propagandística. Fez ontem o segundo de uma esperada série de pronunciamentos destinados a defender suas políticas com vistas às eleições iraquianas do próximo dia 15. Afirmou que está havendo progressos, ainda que desiguais, na área econômica e de infra-estrutura, mas teve de admitir que mais derramamento de sangue é inevitável.
Bush procura, como pode, justificar o injustificável: uma intervenção militar unilateral cujas razões alegadas se provaram falsas. As armas de destruição em massa não existiam e não era real a relação entre Saddam Hussein e o terrorismo da Al Qaeda.
Pior, a intervenção que deveria levar ao país ocupado paz, democracia e respeito aos direitos humanos, vai degenerando rumo à guerra civil.


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