São Paulo, sexta-feira, 09 de março de 2007

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CLÓVIS ROSSI

Minhas perguntas a Bush

SÃO PAULO - O Itamaraty e o governador José Serra não gostaram do relatório dos EUA sobre violações aos direitos humanos no Brasil. É direito deles, mas não dá para dizer que o relatório mente.
Eu, se fosse ministro ou governador de São Paulo, preferiria usar as perguntas que a Human Rights Watch faria ao presidente George Walker Bush durante sua visita ao Brasil. Duas delas:
1 - "De acordo com um relatório divulgado pela Human Rights Watch na semana passada, o governo dos EUA é responsável por desaparecimentos forçados ao manter suspeitos detidos em prisões secretas fora dos EUA. O relatório identifica 38 "desaparecidos" cujo paradeiro permanece desconhecido.
Quando é que os Estados Unidos vão revelar o destino e o paradeiro de todos os prisioneiros mantidos em prisões secretas pela CIA desde 2001?".
2 - "Em fevereiro, o Brasil e muitos outros países da América Latina assinaram a recém-adotada Convenção contra Desaparecimentos Forçados. Os EUA se recusaram a assiná-la. Por que os EUA não apóiam essa tentativa de combater uma internacionalmente reconhecida violação dos direitos humanos?"
Faria também uma cobrança em relação aos prisioneiros da chamada "guerra ao terror", mantidos ilegalmente em Guantánamo, em uma situação que Franz Kafka teria dificuldades de imaginar.
É assim: um tribunal federal decidiu, há 15 dias, que estrangeiros presos nesse pedaço de Cuba não têm direito ao amparo judicial porque Guantánamo não é dos Estados Unidos. Ou seja, os EUA criam um encrave em território cubano e "escondem" lá certos presos, que ficam, por isso, no limbo judicial, o que joga no lixo o "devido processo" de que tanto se orgulhava a democracia norte-americana e cuja ausência tanto criticam em outros países, com razão, aliás.


crossi@uol.com.br

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