São Paulo, quarta-feira, 09 de março de 2011

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A escalada das multas

O trânsito caótico da cidade de São Paulo acarretou 6,97 milhões de multas em 2010, o equivalente a um infrator autuado a cada cinco segundos. A imprudência dos motoristas rendeu estimados R$ 500 milhões à prefeitura.
Além dos fiscais de trânsito e policiais militares, as multas são lavradas com auxílio de 547 radares. Como 193 desses aparelhos são capazes de identificar também a placa do carro, não estranha que a infração mais comum (29% dos casos) seja circular em dia e horário do rodízio.
As críticas à suposta "indústria da multa" privilegiam o apetite arrecadatório da prefeitura, mas relevam a atitude incivilizada de motoristas. Campeia o desrespeito aos limites de velocidade, segundo abuso mais frequente (28%). Salvo os raros casos em que a redução da velocidade permitida é abrupta e exagerada, os radares flagram só quem não respeita as normas e seus concidadãos.
Nessa guerra de todos contra todos, morrem em torno de 1.300 pessoas por ano no trânsito paulistano, cinco vezes mais vítimas que em Nova York.
A disseminação dos radares eletrônicos produz um efeito positivo, ao incutir no motorista imprudente o temor de ser flagrado. Para isso, devem ser bem sinalizados, cumprindo função educativa fundamental no trânsito.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) argumenta, ainda, que a implementação dos radares liberou agentes para organizar o tráfego. Isso teria propiciado redução na média dos picos de lentidão de 107,5 quilômetros, em 2009, para 99, no ano passado.
Cabe, no entanto, questionar a destinação do dinheiro proveniente dos flagrantes. A velocidade com que o número de multas aumenta na cidade não se traduz, como deveria, em melhorias concretas para o motorista que enfrenta o calvário de cada dia.
O caso mais premente, à vista de todos os paulistanos após as chuvas, é o dos semáforos avariados. Esses equipamentos, muitos deles antiquados, chegam a ficar dias à espera de conserto.
Meio bilhão de reais em multas parece suficiente para dotar o tráfego de benfeitorias como semáforos inteligentes, fiscais mais preparados, sinalização adequada e novas campanhas educativas.


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