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A escalada das multas
O trânsito caótico da cidade de
São Paulo acarretou 6,97 milhões
de multas em 2010, o equivalente
a um infrator autuado a cada cinco segundos. A imprudência dos
motoristas rendeu estimados R$
500 milhões à prefeitura.
Além dos fiscais de trânsito e
policiais militares, as multas são
lavradas com auxílio de 547 radares. Como 193 desses aparelhos
são capazes de identificar também
a placa do carro, não estranha que
a infração mais comum (29% dos
casos) seja circular em dia e horário do rodízio.
As críticas à suposta "indústria
da multa" privilegiam o apetite arrecadatório da prefeitura, mas relevam a atitude incivilizada de
motoristas. Campeia o desrespeito
aos limites de velocidade, segundo abuso mais frequente (28%).
Salvo os raros casos em que a redução da velocidade permitida é
abrupta e exagerada, os radares
flagram só quem não respeita as
normas e seus concidadãos.
Nessa guerra de todos contra todos, morrem em torno de 1.300
pessoas por ano no trânsito paulistano, cinco vezes mais vítimas
que em Nova York.
A disseminação dos radares eletrônicos produz um efeito positivo, ao incutir no motorista imprudente o temor de ser flagrado. Para isso, devem ser bem sinalizados, cumprindo função educativa
fundamental no trânsito.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) argumenta, ainda,
que a implementação dos radares
liberou agentes para organizar o
tráfego. Isso teria propiciado redução na média dos picos de lentidão de 107,5 quilômetros, em
2009, para 99, no ano passado.
Cabe, no entanto, questionar a
destinação do dinheiro proveniente dos flagrantes. A velocidade com que o número de multas
aumenta na cidade não se traduz,
como deveria, em melhorias concretas para o motorista que enfrenta o calvário de cada dia.
O caso mais premente, à vista
de todos os paulistanos após as
chuvas, é o dos semáforos avariados. Esses equipamentos, muitos
deles antiquados, chegam a ficar
dias à espera de conserto.
Meio bilhão de reais em multas
parece suficiente para dotar o tráfego de benfeitorias como semáforos inteligentes, fiscais mais preparados, sinalização adequada e
novas campanhas educativas.
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