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JOGANDO COM O FMI
O anúncio, feito ontem, de números, critérios de desempenho e instrumentos de política econômica
acordados com o FMI dá sequência à
arte de desinformar em que autoridades brasileiras se especializaram.
A julgar pelas declarações oficiais,
não há metas, mas hipóteses, seja
para a elaboração, seja para o acompanhamento do programa. Dá até a
impressão de que FMI optou agora
por um viés impressionista que nunca pautou sua atuação.
Mas como não há notícia de alteração nos estatutos do Fundo, são as
autoridades brasileiras que devem
explicações sobre a maneira de
anunciar os parâmetros acertados
com o FMI, ainda sujeitos à aprovação formal de sua diretoria.
A verdade é que tanto o FMI quanto
o governo brasileiro passam por
uma crise de credibilidade.
Aliás, ontem mesmo o próprio ministro da Fazenda, Pedro Malan, admitia que a proposta de crescimento
da ordem de 10% nas exportações
brasileiras em 99 está na média das
avaliações que têm sido feitas.
Metas, promessas, indicadores ou
hipóteses, o fato é que não basta exibir um conjunto de números para reconquistar a credibilidade interna e
externa da política econômica.
Mesmo não sendo uma ciência exata, a economia exige ao menos que se
respeite a lógica e, quanto a indicadores futuros, que se esclareçam as
bases das projeções feitas.
Enquanto o governo e o FMI jogarem com dados e palavras, a reconstrução da confiança na superação da
crise brasileira continuará incompleta e frágil. O descumprimento do primeiro acordo, no caso do Brasil, e os
vários e conhecidos fracassos em outros países, no caso do FMI, conspiram contra a recuperação da credibilidade com base apenas em um catálogo de boas intenções.
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