São Paulo, domingo, 09 de abril de 2000


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PAINEL DO LEITOR

Estudo

"A imprensa, nesta semana, incluindo a Folha (5/4), chamou a atenção para um relatório de técnicos da ONU onde se afirma que os gastos públicos em saúde no Brasil beneficiam os setores "mais ricos" da população brasileira, em detrimento dos pobres. De fato, fez um grande alvoroço em torno de uma estultice, que, aliás, vem sendo utilizada pela fina flor do neoliberalismo de fora e de dentro do país para justificar o arrocho dos orçamentos da saúde. O corolário é simples: se é assim, transfiramos o gasto público em saúde dos "ricos" para os pobres que fica tudo resolvido. Para que gastar mais? O referido relatório cita, em apoio a essa tese, um trabalho em inglês de dois economistas brasileiros que não pesquisaram nada: apenas citam dados de um outro autor sem explicar direito como chegaram aos resultados, nem sequer indicam o ano a que se referem os números. Essas fontes secundárias e terciárias mal sabem (ou não querem saber) que um quarto da população brasileira -os que têm maior renda e/ou melhores empregos- é atendido na área privada, via planos ou seguros de saúde, individuais e principalmente coletivos. Ignoram também que fatia crescente das despesas na saúde pública tem ido para a atuação básica, incluída a crescente vacinação, e não para os serviços hospitalares. Supõem, também, veja só, que os atendimentos gratuitos dos hospitais filantrópicos da rede do SUS (como a Santa Casa de São Paulo, o Hospital Santa Marcelina ou o Amparo Maternal de São Paulo) concentram-se nos setores "mais ricos" da população. Ou seja, para eles esses hospitais deveriam ser expelidos do SUS. E veja também: consideram como integrante dos setores "mais ricos" (e a imprensa sempre engole gostosamente essa idéia) um indivíduo que ganhe, por exemplo, R$ 930 por mês (média do nono decil em 1998). O que sugerem? Cortar a hemodiálise gratuita (que custa ao SUS R$ 1.200 por mês) desse sujeito sortudo? Deixar uma mulher que ganha R$ 600 por mês (e que também pertence ao nono decil "mais rico') dar à luz na calçada de uma maternidade? Aliás, sugiro que toda vez em que um jornalista citar um economista que fala nos tantos por cento mais ricos da população exija da fonte que diga qual é a renda mensal, em reais, dessas pessoas.
Há trabalhos de técnicos do Ipea, escritos em português e talvez por isso menos citados, que mostram, para a região metropolitana de São Paulo, em 1994, um impacto muito positivo do gasto social agregado em geral -e principalmente com saúde- sobre a melhora da distribuição de renda. E, de 1994 para cá, só pode ter havido melhora, pelo menos no caso da saúde, em que a fatia da atenção básica, distribuição de medicamentos para os pobres, vacinação etc., vem crescendo, desde então, de forma substancial: 17 pontos percentuais entre 1994 e 1999."
José Serra, ministro da Saúde (Brasília, DF)

Governar

"Sarney, Collor, Itamar e, agora, d. Fernando 2º, o perverso. Esses quatro desde 1985 vêm afundando o país, depois que os militares largaram o osso. O que mais podemos esperar após a passagem desses "cavaleiros do apocalipse'? O atual governante acha que governar é fazer turismo pelo mundo, posando de grande estadista."
Spartaco Massa (São Paulo, SP)


Plantar e colher

"O homem, até os 60 anos, apenas planta, vindo a colher bem após essa idade, e esse fato ocorre em todos os níveis, seja profissional, social ou pessoal. Independentemente dos resultados dessa colheita, ainda assim devemos plantar sempre. Mais do que isso, regar de igual forma, de modo que possamos ter a certeza de que a semente plantada se transformará em sombra a nos proteger das desgraças da vivência. Que venham as tempestades, símbolo da fúria natural da vida e da natureza, que fazem jorrar suas águas, levando-nos a crescer."
Juarez Alvarenga (Coqueiral, MG)

Valores

"Acho que a sra. Nicéa, na condição de delatora do marido, mesmo tendo sido útil à justiça e à injustiça do salário mínimo (dividiu, ou melhor, suplantou as atenções sobre ele), não deixa, também, de mostrar mais um dado: destruição dos valores de uma sociedade provocada pela política de FHC."
Luiz Ribeiro de Oliveira (Rio de Janeiro, RJ)

Heranças

"Não há como negar a presença do afrodescendente neste imenso Brasil. Está na cultura, na culinária, nos esportes, na religiosidade. Veja o exemplo da Revolta dos Malés. Mas, apesar de tudo, o racismo é hipócrita e mal-intencionado. Como disse o professor Manolo Florentino (Mais!, 2/4), uma grande lacuna da história brasileira, a herança africana."
Azenir Alves (São Paulo, SP)

Necessidades de lei

"Justamente quando está mais que evidente a necessidade de combater o narcotráfico, a sonegação e a corrupção, o governo começou a pôr em prática uma idéia que, se for implementada, vai dificultar, ainda mais, tal combate. Trata-se da intenção de possibilitar a contratação de funcionários de carreiras típicas de Estado (policiais, fiscais, promotores etc.) -justamente os agentes com a incumbência de combater tais crimes- pelo regime da CLT, ou seja, sem a devida proteção legal contra retaliações dos bandidos poderosos, o que é importante para uma atuação independente, firme e eficaz, imprescindível para começar a limpar este país."
Edson Shindi Yamada (Londrina, PR)

No escuro

"Com relação à reportagem "Prefeito visita obras e se nega a falar com professora" (Brasil, 31/3), a Eletropaulo esclarece que a manutenção da rede de iluminação pública na capital é de responsabilidade da Prefeitura de São Paulo, diferentemente do que afirmou o secretário de Vias Públicas, André de Fazio. A manutenção do sistema de iluminação pública na capital é, sim, atribuição da prefeitura, compreendendo não apenas a troca de lâmpadas como, também, reatores, relés, cabos, luminárias, suportes, conexões e postes de iluminação."
Jânio José da Silva, assessoria de comunicação da Eletropaulo (São Paulo, SP)


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