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Precatórios
"Sensato o editorial "A Pec dos
precatórios" (Opinião, ontem).
Cumpre porém que se faça uma
ressalva.
Além da distorção que será gerada com a criação de um sistema de
leilões e com a alteração radical da
ordem cronológica de pagamento,
de nada adiantará a mudança da
Constituição caso não sejam revistos os percentuais de vinculação
previstos no texto, pois neles se encontra talvez a maior distorção do
projeto. Basta lembrar que, no ano
passado, o Estado de São Paulo,
maior propulsor da PEC 12, pagou
cerca de R$ 2 bilhões (cerca de 3%
da sua receita) em precatórios. Pelo
novo texto, o Estado poderia gastar
anualmente a metade desse valor.
Para que o impasse seja solucionado, é preciso que haja razoabilidade financeira no projeto, valendo
lembrar que o texto original da
PEC previa uma vinculação de 3%
da receita nos Estados e 2% nos
municípios. As alíquotas despencaram e, hoje, do jeito que estão, só favorecem os devedores."
RICARDO LUIZ MARÇAL FERREIRA, presidente do
Movimento dos Advogados em Defesa dos Credores Alimentares do Poder Público -Madeca
(São Paulo, SP)
"Aprovada às pressas pelo Senado, a PEC 12 ameaça a existência do
Estado de Direito quando desqualifica o Poder Judiciário em sua soberania e independência, pretendendo modificar as sentenças judiciais,
instrumento de distribuição de
Justiça imutável. Sem cumprimento de sentenças, a Justiça é nula, e a
lei será a do mais forte.
Por não cumprirem as leis, os governos federal, estaduais e municipais causam prejuízo, sofrimento e
destruição a milhões de brasileiros.
A PEC 12 é a legalização do calote,
e não podemos aceitar a sua
aprovação."
NELSON LACERDA, advogado tributarista e da Associação Nacional dos Servidores Públicos (Porto
Alegre, RS)
Reforma política
"Nossos ilustres deputados estão
planejando uma reforma política, a
toque de caixa, para tentarem salvar suas futuras reeleições. Seriam
eleitos os primeiros colocados de
uma lista elaborada pelo partido.
Como ficaremos nós, eleitores?
Seremos obrigados a oficializar a
permanência ad perpetuo dos maus
elementos que hoje fingem nos representar? Não poderemos fazer
uma faxina para extirpar os maus
elementos que estão pouco se lixando para a nossa opinião? Como poderemos nos insurgir contra tal reforma? Teremos de engolir mais
uma manobra espúria?"
JALSON DE ARAÚJO ABREU (São Paulo, SP)
"Não bastassem os escândalos
desde o início do ano, o Congresso,
com apoio do governo, deseja aprovar a voto em lista fechada e o financiamento público de campanhas.
É um desrespeito à inteligência
do cidadão, que pagará para votar,
mas não poderá escolher o seu representante, como disse Elio Gaspari (3/5). Desse modo, será extinto
o único meio de o cidadão punir o
candidato na eleição e serão favorecidos os caciques dos partidos.
Apelo a toda a sociedade, às entidades civis e aos políticos para que
pressionem o Congresso Nacional e
o governo para que repudiem esse
absurdo."
ALI FARIS (São Paulo, SP)
Lei antifumo
"Depois de muito pensar, cheguei
à conclusão de que não voto mais
em José Serra para cargo nenhum.
E olha que sou eleitora fiel de primeira hora, há anos.
Mas não corresponde à minha
ideia de liderança uma pessoa que
embarca nesse tipo de cruzada com
tanta veemência, que chama os que
pensam de modo diferente do seu
de "espíritos de porco" e que chega
ao ponto de sugerir provas testemunhais para poder aplicar multas
(Cotidiano, ontem).
Como vai ser? Vamos ter campanhas "denuncie o seu vizinho fumante'? Um "disquefumo", quiçá?"
AYALA KALNICKI (São Paulo, SP)
Índios
"Nunca me esqueço de uma visita
feita a uma aldeia indígena em Parelheiros (SP). A falta de condições
sanitárias e o abandono em que estavam, com crianças cheias de piolhos, eram a completa negação da
assistência humanitária que o governo diz dar aos índios.
Não concordo com a opinião do
senhor Aníbal Fillip ("Painel do Leitor", 7/5). Antes de se manifestarem
daquela maneira, no prédio da Funasa, eles devem ter recorrido às
leis, sem terem sido ouvidos, pois
aqui, no Brasil, é preciso sair na TV
para que os responsáveis cumpram
com suas obrigações."
MARIA DILMA WATANABE (São Paulo, SP)
Deputado
"Na coluna "E o Nobel do Cinismo
vai para..." (Opinião, 25/4), Clóvis
Rossi fez ofensas pessoais e profissionais contra mim em relação ao
uso de passagens aéreas da Câmara.
Esclareço que não pratiquei nenhuma irregularidade e que considero injusto e imoral o jornalista
colocar no mesmo balaio um parlamentar que viajou nos piores horários e monitorou as promoções das
companhias aéreas para adquirir
passagens mais baratas com outros
que usaram a cota de passagens para transportar seu time inteiro de
futebol, para transportar bailarinas
para animar seu lazer ou para levar
amigos para jogos de azar.
Considero injusto confinar o parlamentar ao seu Estado por causa
de excessos praticados por alguns.
Apesar de representarmos um Estado, somos deputados que debatem temas de interesse nacional."
DOMINGOS DUTRA, deputado federal -PT-MA
(Brasília, DF)
Agricultura
"No texto "Indicadores mostram
que agronegócio se recupera"
(Agrofolha, 5/5), o indicador mencionado pela Folha não reflete a
real situação dos produtores rurais.
A citada queda no preço dos fertilizantes se dá timidamente e após
cinco anos de expressivos aumentos. Na verdade, o que está ocorrendo no país é uma transferência de
renda do produtor rural para a indústria. A crise no campo permanece grave e sem a devida atenção das
autoridades.
Ao contrário do que ocorre na
maioria dos países, no Brasil, a agricultura é uma atividade sem proteção, sem amparo e sem subsídio
governamental."
EDIVALDO DEL GRANDE , presidente da Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo
(São Paulo, SP)
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