São Paulo, domingo, 09 de maio de 2010

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ELIANE CANTANHÊDE

Jogo sujo e infantil

BRASÍLIA - Afora o oportunismo do líder do PT, Cândido Vaccarezza, ao criticar o "uso indevido da estrutura da Câmara" para fazer campanha (como se o PT jamais fizesse isso), o PT e todo mundo deveriam se indignar contra funcionários -sabe-se lá se a mando dos chefes ou não- que enviam e-mails atacando com baixíssimo nível Dilma Rousseff ou qualquer candidato.
Usar e-mail do Congresso, do governo, dos Estados e das estatais para campanha não é exclusividade do DEM, como bem sabemos. Deve-se condenar, mas há quem condene só por conveniência.
O problema nos e-mails da oposição é o conteúdo. Falar em "Dilma Rousseff e suas vítimas fatais" e em "assaltos a banco, sequestros, delação de colegas e tudo o mais" é equiparar a oposição à mais atrasada e raivosa direita incrustada sobretudo na reserva militar.
Provavelmente, isso não tira um só voto de Dilma, mas subtrai pontos na ética, na confiança e na credibilidade da oposição. E, claro, pode respingar em José Serra. Em sabendo, ele aprova o jogo sujo?
Os deputados Paulo Bornhausen e ACM Neto substituíram os dois principais líderes do falecido PFL, Jorge Bornhausen e Antonio Carlos Magalhães -que, aliás, divergiam principalmente quanto aos métodos- para conferir um sopro de modernidade e de vitalidade ao partido na virada de uma sigla para a outra. Não está dando certo, e os e-mails são um meia volta, volver.
No mínimo, martelar que Dilma foi "guerrilheira" é infantilidade de jovens deputados e seus talvez também jovens assessores. No máximo, uma estratégia condenável.
Vaccarezza está careca de saber que tanto as estruturas públicas são fartamente usadas nas campanhas quanto alguns petistas em todos os níveis de poder (são tantos!) estão muito mais afoitos e agressivos no ataque via internet. Mas ganhou um presentão da oposição e do PP, que é meia oposição: o direito de gritar contra a covardia.

elianec@uol.com.br


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