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ELIANE CANTANHÊDE
Jogo sujo e infantil
BRASÍLIA - Afora o oportunismo
do líder do PT, Cândido Vaccarezza,
ao criticar o "uso indevido da estrutura da Câmara" para fazer campanha (como se o PT jamais fizesse isso), o PT e todo mundo deveriam se
indignar contra funcionários -sabe-se lá se a mando dos chefes ou
não- que enviam e-mails atacando
com baixíssimo nível Dilma Rousseff ou qualquer candidato.
Usar e-mail do Congresso, do governo, dos Estados e das estatais
para campanha não é exclusividade
do DEM, como bem sabemos. Deve-se condenar, mas há quem condene só por conveniência.
O problema nos e-mails da oposição é o conteúdo. Falar em "Dilma
Rousseff e suas vítimas fatais" e em
"assaltos a banco, sequestros, delação de colegas e tudo o mais" é equiparar a oposição à mais atrasada e
raivosa direita incrustada sobretudo na reserva militar.
Provavelmente, isso não tira um
só voto de Dilma, mas subtrai pontos na ética, na confiança e na credibilidade da oposição. E, claro, pode
respingar em José Serra. Em sabendo, ele aprova o jogo sujo?
Os deputados Paulo Bornhausen
e ACM Neto substituíram os dois
principais líderes do falecido PFL,
Jorge Bornhausen e Antonio Carlos
Magalhães -que, aliás, divergiam
principalmente quanto aos métodos- para conferir um sopro de
modernidade e de vitalidade ao partido na virada de uma sigla para a
outra. Não está dando certo, e os e-mails são um meia volta, volver.
No mínimo, martelar que Dilma
foi "guerrilheira" é infantilidade de
jovens deputados e seus talvez também jovens assessores. No máximo,
uma estratégia condenável.
Vaccarezza está careca de saber
que tanto as estruturas públicas são
fartamente usadas nas campanhas
quanto alguns petistas em todos os
níveis de poder (são tantos!) estão
muito mais afoitos e agressivos no
ataque via internet. Mas ganhou
um presentão da oposição e do PP,
que é meia oposição: o direito de
gritar contra a covardia.
elianec@uol.com.br
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