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SAÚDE DESGASTADA
A cada dia que passa piora o
quadro de irregularidades no
Ministério da Saúde. Foi arrombado
o arquivo geral, que reúne os mais
importantes documentos sobre as licitações da pasta. A Polícia Federal já
havia apontado Luiz Cláudio Gomes
da Silva, responsável pelas compras
do ministério, e Reginaldo Muniz,
que dirigia a Fundação Nacional de
Saúde (Funasa), como participantes
de um esquema de manipulação de
licitações em favor de empresários e
laboratórios, revelado pela chamada
Operação Vampiro. Ambos foram
designados pelo ministro Humberto
Costa e gozavam de sua confiança.
Embora seu desgaste seja crescente, não há indícios de envolvimento
do ministro em irregularidades.
Além de abrir sindicância para averiguar os contratos, ele exonerou 25
suspeitos. Pesa a seu favor, também,
a constatação de que a quadrilha agia
pelo menos desde os anos 90.
Essas medidas, contudo, são insuficientes para apagar a péssima impressão deixada pelo fato de que foi o
próprio ministro que nomeou para
cargos estratégicos pessoas agora
acusadas de envolvimento no escândalo. Gomes da Silva, o principal
acusado, gerenciava contratos na secretaria de Saúde de Recife quando
Costa exercia o cargo de secretário.
O episódio lembra o escândalo
Waldomiro Diniz. Como no caso do
assessor da Casa Civil, colaboradores ligados a um ministro estão sob
suspeita. Também são semelhantes
as alegações de "surpresa e decepção" da parte do titular da Saúde. Declarações como essas, em vez de melhorar a imagem do ministro, colocam em dúvida sua competência, ao
menos para escolher assessores.
Repetidos casos de corrupção envolvendo pessoas de confiança de
ministros da República arranham a
imagem de qualquer governo. No
caso da administração petista, esse
efeito é ainda mais notável devido ao
fato de, na oposição, o partido ter
pretendido exercer o monopólio da
moralidade pública. Paga hoje pelas
"bravatas" do passado.
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