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PLÍNIO FRAGA
Lodo não é petróleo
RIO DE JANEIRO - A Petrobras é
a maior empresa brasileira, construiu uma imagem de reconhecida
competência e inovação na extração de petróleo em águas profundas
e na espetacular descoberta de reservas que podem atingir 8 bilhões
de barris no pré-sal, a milhares de
quilômetros de profundidade.
Na sua megaestrutura, sempre
teve nichos técnicos competentes e
nichos políticos aproveitadores.
Por muitos anos, ainda no governo
FHC, foi dominada por estruturas
viciadas pertencentes ao então
PFL, hoje DEM. Com esses próceres, a Petrobras não fez a opção pelo
Estado mínimo, mas pelo Estado
dízimo, recheando caixas ao bel-prazer da manietação política.
Não foi diferente com os petistas,
que mantiveram a convivência de
quadros técnicos com operadores
eleitorais interessados em transformar sua gestão em domínio de feudos para que deles brotem votos.
Acuado com a CPI, a Petrobras
diz que o TCU é um órgão com interesses políticos, no que tem razão.
Mas essa acusação genérica não
responde às centenas de restrições
técnicas que auditores têm feito aos
contratos da Petrobras.
A um questionamento, a Petrobras responde com um espernear,
para o qual desembolsa dinheiro
público, como no episódio de contratação de uma empresa de assessoria só para rebater acusações veiculadas na imprensa.
Em estratégia intimidatória, a
Petrobras decidiu publicar em um
blog as respostas aos questionamentos que os jornalistas fazem à
empresa, antes mesmo de as reportagens serem veiculadas.
Jornalistas fazem perguntas em
busca do esclarecimento. E, a partir
das respostas que obtêm, redirecionam suas apurações, modificam
seus enfoques, atrás do interesse
público. A traquinagem do blog da
Petrobras mostra a opção da empresa pelo lodo, como se este fosse
também petróleo.
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