São Paulo, sexta-feira, 09 de agosto de 2002 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Para além do discurso
CLAUDIO WEBER ABRAMO
São os seguintes os pontos que a Transparência Brasil considera essenciais para dar início a um combate concertado à corrupção: 1) Formação de uma agência anticorrupção, com participação do Legislativo, do Judiciário, do Ministério Público, do Tribunal de Contas da União e, com papel consultivo, de organizações da sociedade civil. Caberia a ela detalhar um Plano Nacional Anticorrupção no prazo de seis meses a partir da posse presidencial. Uma vez acordado esse plano, caberia à agência acompanhar e impulsionar a sua implementação; 2) Implementação das medidas administrativas e institucionais preconizadas pela Convenção Anticorrupção da Organização dos Estados Americanos e pela Convenção da OCDE, das quais o Brasil é signatário; 3) Organização e disseminação de programas de formação em técnicas modernas de investigação, incluindo a área de finanças, pois um dos problemas de combater o crime de colarinho branco é a falta de sofisticação dos métodos de investigação; 4) Na área de licitações públicas, impor a toda a administração federal o uso de editais padronizados; nas audiências públicas convocadas para discutir licitações, obrigatoriedade de a administração expor e colocar em debate os termos dos editais que emitirá; divulgação mensal pela internet de todos os preços unitários de bens e serviços licitados no mês anterior, agregando-os por órgão, ministério e União. Fazer acompanhar essas informações dos respectivos desvios-padrão, com identificação dos órgãos cujas aquisições se situem abaixo e acima desses limites; 5) Proibição da contratação de parentes e contraparentes para ocupar cargos de confiança; 6) Criação de um sistema de ouvidorias que abranja toda a administração; 7) Institucionalização da Comissão de Ética da Presidência e ampliação de suas atribuições para abranger toda a administração, num sistema de resolução de conflitos de interesse; 8) Manutenção e aperfeiçoamento da Controladoria Geral da União. É claro que tais pontos de modo nenhum esgotam o rol de medidas necessárias ou possíveis para o combate à corrupção. Contudo elas -em especial a formação de uma agência anticorrupção com articulação em todos os poderes e na sociedade- significam um passo crucial para que esse combate seja orquestrado e levado a sério. Os candidatos que assinarem o documento sinalizarão mais claramente que, para eles, combater a corrupção não é só discurso. Claudio Weber Abramo, matemático pela USP e mestre em filosofia da ciência pela Unicamp, é secretário-geral da Transparência Brasil (www.transparencia.org.br) e membro do Conselho Diretor da Transparência Internacional. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Ives Gandra da Silva Martins: O Imposto sobre Grandes Fortunas Próximo Texto: Painel do Leitor Índice |
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