São Paulo, sábado, 09 de agosto de 2008

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MELCHIADES FILHO

Primeiros socorros

BRASÍLIA - Uma no cravo: o ranqueamento de escolas é útil, mesmo que contenha pequenos erros técnicos ou contrabandos politiqueiros. Ele serve de munição para que alunos, pais e professores exijam mais qualidade. Estimula as instituições de ensino a agirem para não caírem na "lista suja".
Outra na ferradura: está mais do que na hora de o governo responder aos maus resultados coletados pelos exames nacionais de avaliação.
Não basta expor os dados e prometer fiscalização. Fernando Haddad diz que antigamente "era uma festa" para os educadores picaretas. Se nada mudar, o próximo ministro poderá usar a mesma frase.
Tome-se a revelação, nesta semana, de que um em cada quatro médicos do país se forma em cursos "sem condições de funcionar".
Esses formandos "não sabem nem tratar gripe", alerta a Sociedade Brasileira de Clínica Médica.
Imagine os riscos para a saúde pública -mais ainda porque a população considera os médicos os profissionais mais confiáveis (71%, em pesquisa do Market Analysis).
Muita gente de bem defende que o governo contra-ataque e imponha um teste de qualificação ao término do curso de graduação, similar ao exame de ordem da OAB.
(Em caráter experimental, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo já criou uma prova para avaliar quem completou os estudos no Estado, mas com adesão voluntária. A reprovação supera 50%...)
Não parece correto, porém, permitir que seja alijado do mercado o formando que pagou as mensalidades de um curso autorizado pelo MEC. Ou dar a terceiros o poder de definir quem pode trabalhar. Programas de inclusão como o ProUni perderiam força. Por que o sujeito investiria seu tempo na faculdade?
Um "exame de ordem" para médicos seria bom, mas como um estímulo positivo. Por exemplo, fazer dele um diferencial (ou requisito) para quem se candidata a cargos em hospitais e universidades públicos.

mfilho@folhasp.com.br


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