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MELCHIADES FILHO
Primeiros socorros
BRASÍLIA - Uma no cravo: o ranqueamento de escolas é útil, mesmo
que contenha pequenos erros técnicos ou contrabandos politiqueiros. Ele serve de munição para que
alunos, pais e professores exijam
mais qualidade. Estimula as instituições de ensino a agirem para não
caírem na "lista suja".
Outra na ferradura: está mais do
que na hora de o governo responder
aos maus resultados coletados pelos exames nacionais de avaliação.
Não basta expor os dados e prometer fiscalização. Fernando Haddad
diz que antigamente "era uma festa" para os educadores picaretas. Se
nada mudar, o próximo ministro
poderá usar a mesma frase.
Tome-se a revelação, nesta semana, de que um em cada quatro médicos do país se forma em cursos
"sem condições de funcionar".
Esses formandos "não sabem
nem tratar gripe", alerta a Sociedade Brasileira de Clínica Médica.
Imagine os riscos para a saúde pública -mais ainda porque a população considera os médicos os profissionais mais confiáveis (71%, em
pesquisa do Market Analysis).
Muita gente de bem defende que
o governo contra-ataque e imponha
um teste de qualificação ao término
do curso de graduação, similar ao
exame de ordem da OAB.
(Em caráter experimental, o
Conselho Regional de Medicina de
São Paulo já criou uma prova para
avaliar quem completou os estudos
no Estado, mas com adesão voluntária. A reprovação supera 50%...)
Não parece correto, porém, permitir que seja alijado do mercado o
formando que pagou as mensalidades de um curso autorizado pelo
MEC. Ou dar a terceiros o poder de
definir quem pode trabalhar. Programas de inclusão como o ProUni
perderiam força. Por que o sujeito
investiria seu tempo na faculdade?
Um "exame de ordem" para médicos seria bom, mas como um estímulo positivo. Por exemplo, fazer
dele um diferencial (ou requisito)
para quem se candidata a cargos em
hospitais e universidades públicos.
mfilho@folhasp.com.br
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