São Paulo, terça-feira, 09 de agosto de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

CARLOS HEITOR CONY

Gente demais

RIO DE JANEIRO - Os recentes distúrbios em Londres podem ser explicados (ou não explicados) por diversas razões. A impressão que tenho, mas não mantenho, é a de que há muita gente no mundo e a estrutura social e física dos Estados, mesmo os mais desenvolvidos, não dá conta dos surtos que criam cada vez mais problemas e tragédias.
Houve época em que uma teoria dava o mundo como acabado pela fome, uma vez que a produção de alimentos, em escala aritmética, não daria para sustentar a humanidade que cresceria em escala geométrica. Os recursos tecnológicos dos tempos modernos acabaram com a ameaça, mas eis que surge outra, que me parece ainda longe de uma solução.
Todos querem estar em todos os lugares, aproveitar tudo, ver tudo, saber de tudo. De início, o sistema de transportes dava conta do recado, mas a sociedade humana foi criando cada vez mais novos eventos, megaeventos em todas as partes do mundo e o deslocamento de imensos grupos de interessados não encontrou ainda um sistema pacífico, seguro e confortável para deslocar, proteger e assegurar uma normalidade civilizada.
Parece que não vem ao caso, mas vamos lá. Semana passada, passageiros no Galeão levaram quatro horas para ter acesso às malas. Muita mala, muita gente, muitos aviões cada vez maiores, pouquíssimos terminais aéreos para controlar o êxodo de pessoas que saem de um lugar para outro e se estressam com hotéis, programas, agendas, compromissos de trabalho ou de lazer.
A vida moderna criou e facilitou esse intercâmbio que, bem ou mal, faz parte da globalização econômica e social do mundo de hoje.
Mas as estruturas não acompanharam esse surto e o episódio como o de Londres, às vésperas de uma Olimpíada, é um sintoma do que ainda pode acontecer em outras cidades, sobretudo no Rio, que é a bola da vez.


Texto Anterior: Brasília - Eliane Cantanhêde: Bandeira branca
Próximo Texto: Vladimir Safatle: Maria Antonieta

Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.