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SEPARAÇÃO AMIGÁVEL
Um dos slogans favoritos do petismo nos tempos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já caracterizou como de "bravatas" era o
que pregava o rompimento do país
com o Fundo Monetário Internacional. Antes da eleição presidencial, no
entanto, veio a público o sensato
compromisso da candidatura Lula
de não quebrar os contratos caso
vencesse o pleito.
Afastada a hipótese de ruptura, a
administração petista acabou por assinar novo entendimento com o FMI
-chegando a elevar, de antemão e
unilateralmente, a meta de superávit
primário nas contas públicas.
Agora, o governo prepara-se para
dar um novo passo, que poderá lhe
render dividendos políticos: os dólares trazidos pela balança comercial
oferecem condições ao país para não
renovar o acordo com a instituição,
que vence ao final do ano. Se isso
ocorrer, o Planalto poderá dizer que,
enfim, livrou o Brasil do FMI.
O que está em curso, porém, entre
governo e Fundo parece ser um novo
contrato, ainda que de separação.
Entes que se divorciam também estabelecem compromissos, direitos e
obrigações. Os sinais são de que Brasil e FMI estão tratando exatamente
disso. Nesse contexto, não será nenhuma surpresa se a equipe econômica promover novo aumento da
meta de superávit fiscal, hoje em
4,25% do PIB, além de renovar seu
empenho em prosseguir com a
agenda de reformas, da qual consta,
entre outras medidas, a concessão de
autonomia ao Banco Central
Ao que se observa, a única negociação que está sendo travada com vistas a conferir mais liberdade de ação
à política econômica é uma herança
da gestão anterior: a proposta de
considerar como investimento, e não
como despesa corrente, algumas
modalidades de gasto público em infra-estrutura.
Essa seria uma mudança importante, pois é de interesse do país e,
sem o aval do FMI, poderá ser interpretada, em caso de não-renovação
do acordo, como um sinal de falta de
rigor do atual governo na condução
das finanças públicas.
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