São Paulo, terça-feira, 09 de setembro de 2008

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Editoriais

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Lotação esgotada

UMA PESQUISA do Metrô que cruzou origens e destinos dos paulistanos revelou que, pela primeira vez em 40 anos, o percentual de uso do transporte público cresceu. Em 2007, 55% das viagens ocorreram em ônibus, trem ou metrô, contra 45% nas modalidades individuais. Em 2002, o uso de automóvel, moto, táxi e caminhão chegou a ser majoritário, coroando tendência de aumento que remontava a 1967.
O resultado, porém está mais ligado à progressão da demanda da população do que à maior oferta do serviço coletivo. Além disso, em vez da desejável migração do transporte individual para o coletivo, o que melhor explica o crescimento desta última modalidade é a alta no poder aquisitivo da população.
Muitos paulistanos que andavam a pé passaram a usar transporte público. A implantação dos bilhetes integrados no sistema de ônibus, trem e metrô ajudou a baratear as viagens e a ampliar o número de assentos.
O ciclo de crescimento econômico ajuda a explicar o fenômeno. No uso coletivo, 46% das viagens são custeadas pelo empregador. Um terço dos deslocamentos ainda é realizado a pé, mas essa proporção diminuiu nos últimos dez anos.
O aumento na procura pelo transporte coletivo impõe desafios ainda não equacionados pelo poder público. A qualidade do serviço piorou ainda mais. Algumas linhas do metrô estão saturadas; a rede, de construção cara, voltou a crescer, mas ainda a um ritmo lento em relação às necessidades da metrópole.
A fim de mobilizar as altíssimas somas envolvidas num plano de acelerar o metrô, é preciso disseminar o recurso a parcerias e concessões que atraiam investimentos privados. Obras mais modestas -como corredores de ônibus- e reformas na gestão do transporte, de efeito mais imediato, também serão indispensáveis para mitigar o problema.


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