São Paulo, quinta-feira, 09 de setembro de 2010

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KENNETH MAXWELL

A guerra no jornalismo dos EUA

No mundo da mídia impressa, há uma batalha monumental em curso entre o "New York Times", de Arthur Sulzberger, e o "Wall Street Journal", de Rupert Murdoch.
Para Murdoch, o "New York Times" representa tudo o que ele mais odeia no jornalismo, e o empresário parece determinado a desafiar e a solapar o seu grande rival. Murdoch é notório pelas suas guerras jornalísticas, especialmente no Reino Unido, onde controla o "Times" e o "News of the World". Mas a disputa entre o "Wall Street Journal" e o "New York Times" promete ser a maior das batalhas.
O mais recente episódio começou com uma reportagem investigativa de Don Van Natta Jr., Jo Becker e Graham Bowley, publicada pelo "New York Times" com o título "O ataque do tabloide: as escutas de um jornal londrino contra os ricos e famosos".
A Scotland Yard identificou a origem de escutas usadas contra família real e chegou a Clive Goodman, antigo repórter judicial, e Glenn Mulcaire, antigo investigador particular, que também trabalhava para o jornal "News of the World".
Os dois haviam obtido as senhas necessárias para ouvir as mensagens de voz dos príncipes Andrew e Harry. O "New York Times" alegou que repórteres do "News of the World" também invadiram as caixas de mensagens de voz de centenas de celebridades, funcionários do governo e astros dos esportes britânicos.
Tanto Goodman como Mulcaire foram demitidos e aprisionados. O "New York Times" acusou, no entanto, que a Scotland Yard não levou adiante as investigações sobre pistas que sugeriam que o "News of the World" estava conduzindo operações de escuta contra cidadãos de maneira rotineira.
O foco estreito da investigação permitiu que o "News of the World" e sua companhia controladora, a News International, de Murdoch, atribuíssem o caso às ações de um jornalista. Tanto Goodman como Mulcaire abriram processos contra o "News of the World" -os dois casos foram encerrados por meio de acordos extrajudiciais. O editor do "News of the World" no período em questão, Andy Coulson, também se demitiu. Hoje é diretor de comunicações na equipe do primeiro-ministro David Cameron.
A revista "Vanity Fair" afirmou nesta semana que assistir à disputa era como "ver uma briga entre os Corleone e a família Tenembaum". Na segunda-feira, John Yates, comissário assistente da polícia londrina, disse que, "se surgirem novas provas, que justifiquem novas investigações, é isso o que faremos".


KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

Tradução de PAULO MIGLIACCI.


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