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KENNETH MAXWELL
A guerra no jornalismo dos EUA
No mundo da mídia impressa, há uma batalha monumental em curso entre o "New
York Times", de Arthur Sulzberger, e o "Wall Street Journal", de Rupert Murdoch.
Para Murdoch, o "New York
Times" representa tudo o que
ele mais odeia no jornalismo,
e o empresário parece determinado a desafiar e a solapar o
seu grande rival. Murdoch é
notório pelas suas guerras jornalísticas, especialmente no
Reino Unido, onde controla o
"Times" e o "News of the
World". Mas a disputa entre o
"Wall Street Journal" e o "New York Times" promete ser a maior das batalhas.
O mais recente episódio começou com uma reportagem
investigativa de Don Van Natta Jr., Jo Becker e Graham Bowley, publicada pelo "New
York Times" com o título "O ataque do tabloide: as escutas de um jornal londrino contra os ricos e famosos".
A Scotland Yard identificou
a origem de escutas usadas
contra família real e chegou a
Clive Goodman, antigo repórter judicial, e Glenn Mulcaire,
antigo investigador particular, que também trabalhava
para o jornal "News of the World".
Os dois haviam obtido as senhas necessárias para ouvir as
mensagens de voz dos príncipes Andrew e Harry. O "New
York Times" alegou que repórteres do "News of the World"
também invadiram as caixas
de mensagens de voz de centenas de celebridades, funcionários do governo e astros dos
esportes britânicos.
Tanto Goodman como Mulcaire foram demitidos e aprisionados. O "New York Times"
acusou, no entanto, que a Scotland Yard não levou adiante
as investigações sobre pistas
que sugeriam que o "News of
the World" estava conduzindo
operações de escuta contra cidadãos de maneira rotineira.
O foco estreito da investigação permitiu que o "News of
the World" e sua companhia
controladora, a News International, de Murdoch, atribuíssem o caso às ações de um jornalista. Tanto Goodman como
Mulcaire abriram processos
contra o "News of the World"
-os dois casos foram encerrados por meio de acordos extrajudiciais.
O editor do "News of the
World" no período em questão, Andy Coulson, também
se demitiu. Hoje é diretor de
comunicações na equipe do
primeiro-ministro David Cameron.
A revista "Vanity Fair" afirmou nesta semana que assistir
à disputa era como "ver uma
briga entre os Corleone e a família Tenembaum". Na segunda-feira, John Yates, comissário assistente da polícia
londrina, disse que, "se surgirem novas provas, que justifiquem novas investigações, é
isso o que faremos".
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI.
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